quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Kardec e o autor d'O Mundo de Sofia

O escritor norueguês Jostein Gaarder é um velho conhecido do mercado internacional de best-sellers. Desde o início dos anos 90, quando lançou o clássico Sofies verden (ou O Mundo de Sofia), Gaarder tem se especializado em desenvolver narrativas profundamente humanas com forte influência da Filosofia. Histórias reflexivas, introspectivas, mas capazes de conquistar dezenas de milhões de leitores em todo o mundo.
Em 2008, veio a público o trabalho mais recente, Slottet i Pyreneene, que está sendo lançado agora em agosto no Brasil sob o título O Castelo dos Pirineus. O enredo trata de um ex-casal de namorados que se "reencontra" virtualmente 30 anos após o rompimento, dando início a uma troca de e-mails que revela uma incrível divergência entre as percepções de cada um sobre o antigo relacionamento e os motivos da separação.

Até aí, nada de novo. O que nos chamou a atenção foi o fato de os personagens terem sido escolhidos para representar o eterno embate entre razão e fé, ciência e espiritualidade. Isso porque Steinn, físico e meteorologista, é um racionalista de carteirinha, enquanto Solrun, professora e tradutora, uma espiritualista convicta. O detalhe é que Solrun, mais especificamente, é espírita, leitora assídua do Livro dos Espíritos.

Em uma série de entrevistas concedidas a jornais e TVs brasileiros, Gaarder revela que se debruçou detidamente sobre a obra fundamental da Doutrina Espírita para compor a personagem. E garante que ao longo do trabalho de elaboração d'O Castelo dos Pirineus, reviu seu próprio ceticismo pessoal sob a influência do diálogo com o trabalho de Allan Kardec, como se vê nesse vídeo gravado no último fim de semana durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Evangelização de Espíritos


Falávamos na semana passada sobre nossa vivência na Terra de Ismael, instituição espírita paulista dedicada à Evangelização de Espíritos, com foco na educação pelo contato com a natureza. Acreditamos que esta última parte, a da natureza, tenha ficado razoavelmente clara. Ou, pelo menos, tão clara quanto possível para quem não viveu pessoalmente o processo.

Mas, o que é exatamente a Evangelização de Espíritos? Aqui, mais uma vez, vamos falar de nossas próprias experiências. Afinal, sobre o que podemos falar com propriedade senão sobre aquilo que vivemos? 

Pois bem: se no domingo (18)  à noite retornávamos a Belo Horizonte, vindos de Jardinópolis (SP), na sexta-feira seguinte (23) tomávamos novamente a estrada para outros quase 500 quilômetros de viagem. Desta vez, o destino era o município de Sacramento, no Triângulo Mineiro, célebre berço do educador espírita Eurípedes Barsanulfo e do Colégio Allan Kardec, a primeira escola espírita do Brasil, onde já havíamos estado em novembro do ano passado.

Chegamos à antiga sede do Colégio, que hoje abriga o Grupo Espírita Esperança e Caridade, a tempo de assistir à palestra de abertura do 42º Encontro de Evangelização de Espíritos promovido pela instituição. Tanto o evento, que acontece a cada 6 meses, quanto a exposição inicial tiveram como tema Evangelização de Espíritos: um método profilático para combater os males do Espírito.

Ao longo de pouco mais de uma hora, Alzira Bessa Amui falou para mais de 300 evangelizadores e interessados sobre o caráter essencialmente auto-educativo dessa metodologia, que tem na percepção permanente de si como Espírito em trânsito na Escola da Terra a base de sua proposta. Em suma, ser evangelizador exige do Espírito, antes de tudo, viver como um evangelizando, sempre disposto a aprender e servir.

No dia seguinte, passamos o dia inteiro na turma dos iniciantes, já que era nossa primeira participação nesse encontro. Foram quatro módulos de estudo: 1) A Evangelização de Espíritos; 2) os Recursos utilizados na Evangelização; 3) os Atributos do Espírito; e 4) Planejamento Reencarnatório.

O primeiro módulo nos ofereceu uma visão geral da Evangelização como uma metodologia absolutamente calcada na Codificação Kardequiana e nas obras de André Luiz e Emmanuel, que dá continuidade ao trabalho revolucionário desenvolvido por Eurípedes Barsanulfo no início do século XX e se desenvolve hoje sob a orientação espiritual do próprio educador mineiro

Como proposta metodológica, ela procura instrumentalizar o espírita com recursos específicos capazes de estimulá-lo a, mais do que acreditar que é um Espírito, permitir-se viver como um, atento às próprias criações mentais e aos sentimentos que experimenta. Sempre focado no autoconhecimento e na importância de refletir sobre o conhecimento que adquire, de forma a traduzi-lo sistematicamente em alimento para a alma, em base sólida para a elevação do pensamento e para a depuração dos sentimentos.

Os recursos para isso? De modo geral, velhos conhecidos de todos nós: a palavra, a reflexão, a arte, a assistência fraterna e o contato com a natureza. A diferença está na percepção de si e dos educandos como Espíritos dotados de uma bagagem inestimável de experiências pessoais que demandam mais o estímulo para o Bem do que a tradicional doutrinação verbal.

Assim, cabe ao evangelizador falar com clareza e simplicidade dos conteúdos a que se propõe, sempre procurando estimular a reflexão, a apropriação do conhecimento pelos evangelizandos em prol de seu crescimento como Espíritos. A meta de toda informação compartilhada é suscitar reflexão capaz de fomentar a renovação dos sentimentos que vibram na alma. Para tanto, o uso refletido e sentido dos recursos de que falamos é determinante.

Naturalmente, para que o evangelizador possa desenvolver um processo educativo eficiente ele precisa saber reconhecer em si, em suas tendências profundas e seus anseios mais íntimos, as pistas para a compreensão do próprio planejamento reencarnatório. Uma vez experimentado nesse processo, que tende a ser longo, mas extremamente enriquecedor, ele pode se entregar à tarefa de sondar quais as lições mais prementes que os seus Espíritos evangelizandos vieram aprender neste mundo e, por tabela, qual a melhor contribuição que tem a oferecer para para a realização dos objetivos existenciais deles.

Bom, o texto já tá enorme pros padrões do nosso blog, então, ficamos por aqui! E olha que isso é apenas um breve resumo do que temos aprendido ao longo desse últimos dez meses de engajamento crescente no Grupo Espírita Paz e Harmonia, em Belo Horizonte, casa criada há 7 anos com o objetivo de aplicar em todas as suas atividades a Evangelização de Espíritos. A visita a Sacramento só nos ajudou a sistematizar na mente a lógica por trás das mudanças profundas que temos sentido na alma graças a essa oportunidade bendita de rever conceitos e repensar posturas que Jesus nos tem oferecido por aqui...



Daqui para a frente, tem muito mais sobre o tema no blog Espírito de Arte!

Romário