terça-feira, 25 de maio de 2010

Espiritualidade como nunca antes se viu na TV

Se você é um entre as dezenas de milhões de cidadãos deste mundo que já tiveram o privilégio de acompanhar Lost, a série de TV mais notável produzida em muitos e muitos anos, certamente tem pelo menos uma idéia do que estou falando.

Talvez você tenha abandonado o barco (ou seria a ilha?) pelo meio do caminho quando os Outros entraram de vez na jogada, ou quando a Relatividade do Tempo passou a integrar organicamente o enredo ou ainda quando percebeu que boa parte dos mil mistérios levantados ao longo desses seis anos, definitivamente, não seriam "solucionados" na trama...

Se você se encaixa em alguma das categorias de "desertores" ou se é alguém que nunca se interessou por acompanhar a história do avião que caiu na ilha-das-coisas-estranha, permita-me a franqueza: você não sabe o que está perdendo!!! Não faz idéia da conclusão profundamente inspirada e, em todos os sentidos, transcendental, com que os produtores Damon Lindelof e Carlton Cuse coroaram o enredo mais debatido da década.

Naturalmente, para apreciá-lo em toda a sua magnitude, é preciso, mais que entender, sentir aquilo que realmente fez da trama algo cativante e arrebatador: Lost sempre foi uma história sobre pessoas em  busca de algo. Inicialmente de serem resgatadas da ilha deserta onde caíram, depois de sobreviverem em condições precárias enquanto aguardavam resgate, depois de descobrir o que era uma certa "escotilha" hermeticamente fechada no meio da floresta, depois de salvar o mundo ao digitar uma senha num computador dos anos 70, depois de lidar com os outros habitantes da ilha, depois de fazer contato com uma certa fragata, depois de retornar ao ponto de partida...

Em outras palavras, Lost é uma profunda metáfora da condição humana. Afinal de contas, o que dá sentido ao mundo senão a nossa incansável busca por alguma coisa? Desde que chegamos a estas paragens, nosso anseio por viver, conquistar, crescer, ganhar, superar e entender sempre foi o móvel das grandes transformações por que ele passou.

Ao longo da caminhada, a gente criou, inventou, estudou, pesquisou, propôs hipóteses, criou teorias. Não porque essas coisas fossem essenciais por si, mas, antes de tudo, para satisfazer nossa própria necessidade de encontrar sentido para as coisas que nos cercam.

Dessa forma, não foi à toa que os mistérios e a mitologia ganharam corpo na trama de Lost. Eles são elementos sempre presentes na jornada humana. Mas, assim como na vida, no enredo da série eles nunca foram mais do que acessórios para a história que realmente importa: a da nossa busca por realização.

Realização que passa necessariamente por dores, lutas, lágrimas e incompreensão. Mas que, mais cedo ou mais tarde, chega sempre a um fim, no qual poderemos olhar para trás e dizer: "Valeu a pena!", enquanto confraternizamos com as pessoas cujas lutas, derrotas e vitórias se tornaram parte essencial de nossa própria caminhada.


Será aqui ou agora que esse momento virá? Muito provavelmente não. Porque este é apenas o palco dos nossos primeiros dramas, a escola das lições primárias para a Vida Plena a que estamos todos destinados.
Só além das limitações do espaço e do tempo, das restrições do nosso ego, das imposições do nosso apego é que encontraremos esse algo que sempre nos moveu à busca. E então, quando o momento chegar, finalmente será hora... de seguir em frente.



PS: Eu não poderia deixar de reverenciar, nesse "momento derradeiro", o Davi Garcia e a Juliana Ramanzini, editores do blog Dude We Are Lost, pela dedicação, pelo empenho e pela forma tão especial de tratar da série ao longo desses anos. Muito obrigado, pessoal!

Romário Fernandes

terça-feira, 18 de maio de 2010

Bastidores do primeiro curta espírita...

Nesse fim de semana, a ala mineira do Espírito de Arte teve a honra de participar do primeiro curta-metragem "pra valer" gravado por alunos e professores do Curso de Cinema Espírita de Belo Horizonte. Foram dois dias de muito trabalho, poucas horas de sono, mas uma excelente sensação de dever cumprido! Pelo menos em parte, já que ainda precisamos gravar algumas cenas e, depois, nos debruçar sobre o longo trabalho de edição, montagem, tratamento de som, adição de trilha e coisas do gênero.

O certo é que a experiência concreta de estar no set acompanhando os detalhes de fotografia, produção, figurino, fotografia e arte foi apaixonante! Desde a preparação do espaço físico para as filmagens, passando pelo trabalho de maquiagem e figurino dos atores, até a preocupação com captação de som e imagem, tudo é realmente encantador.

Filmamos em duas paradas de ônibus diferentes, numa praça, na porta de um centro espírita, no pátio e no elevador de um shopping aberto. Ah, e também num estúdio. Cada locação exigia cuidados diferentes com arrumação, luz e interferências externas. E cada cena ganhava um significado especial quando vista pelo visor da câmera. Algo que pude constatar diversas vezes, enquanto atuava como 2º Assistente de Câmera, além de batedor de claquete e figurante eventual. A Bruna não ficou de fora, e acabou fazendo uma ponta também.

O curta chama-se Além da Fome, com argumento real de Sheila Corradi e roteiro de Aléxia Moreira, revisado e dirigido por Thiago Franklin. Pelo que já deu pra ver das imagens, captadas em equipamentos de alta qualidade, somadas à interpretação precisa de Daniela Tonidândel (Cia. Laboro), Guto Guerra e cia, acho que a temporada de produções desse projeto começa com o pé direito!

Romário Fernandes

domingo, 16 de maio de 2010

Novo DVD da música espírita mineira

A música espírita ganhou nessa semana mais um registro à altura da beleza e da sensibilidade próprias da Arte Espiritualizada. O DVD Espiritismo em Canção veio celebrar os 21 anos do trabalho da dupla mais conhecida da música espírita nacional: os irmãos mineiros Tim e Vanessa.

São 19 canções mais um pout-pourri com outras três, na última faixa. Todas composições autorais de Tim, em parceria com os poetas Gladston Lage, Lúcio de Abreu e Sandra Miramar. O repertório perpassa toda a obra anterior da dupla, composta por 3 CDs, e traz registros de 6 músicas inéditas: Assim Seja, Chamas, Alívio, Ramas, Veredas e Zaqueu.

O material foi gravado ao vivo no Teatro Municipal Manoel Franzen de Lima, município de Nova Lima (MG), em setembro de 2008. O DVD pode ser adquirido no site www.timevanessa.com.br pelo valor de R$25,00 mais R$5,00 para despesas postais.

Dica de quem já se deliciou com o trabalho: vale a pena cada real! Abaixo, a faixa "oficial" de divulgação do DVD, a bela Alívio:

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Interação Artística Espírita em Fortaleza

Neste sábado, as alas mineira e cearense do Espírito de Arte se reuniram em Fortaleza para mais uma interação artística com grupos de mocidade espírita. Dessa vez, a troca de experiências, calcada numa proposta pedagógica espírita, aconteceu no Centro Espírita Camille Flammarion, a cerca de um quilômetro do terminal de Antônio Bezerra.

Chegamos por volta as 15h30 para acompanhar um estudo de cerca de 40 minutos sobre o tema Igualdade Natural, desenvolvido no capítulo 9, parte III, do Livro dos Espíritos. Qual não foi nossa surpresa ao perceber que, quando terminou o estudo, todos os jovens permaneceram sentados à espera de que iniciássemos a atividade! Lá, praticamente a mocidade inteira está engajada na proposta do grupo musical MEIS de Amor, que já se reúne regularmente e faz apresentações em eventos da casa.

Atendendo aos pedidos dos participantes por orientação técnica, começamos a interação com exercícios básicos de relaxamento corporal, aquecimento vocal e respiração. Depois pedimos que eles nos mostrassem um pouco do repertório do grupo, de forma a que pudéssemos nos situar melhor quanto à proposta do trabalho e à energia que ele compartilha.

Depois de ver as interpretações de Súplica a Jesus e Reencarnação(!), formamos uma roda para conversar sobre motivações, propósitos, planos e dificuldades do trabalho artístico espírita. Pudemos perceber que a alegria de estarem juntos, a vontade de animar a juventude espírita e a afinidade de todos com a música são fatores decisivos para a formação e a manutenção do grupo. 

Além disso, como todos integram a mocidade, o estudo regular da doutrina está presente na vida de cada participante do trabalho. Muitos deles, inclusive, assumem frequentemente a responsabilidade por conduzir os estudos, o que demonstra disposição para aprender e compartilhar ativamente com os outros o conhecimento sobre a realidade espiritual.

Ao longo do bate-papo, executamos oportunamente Vontade de Viver, ReencarnaçãoRockumbral, Hydesville, PedroNovaMente, ora para exemplificar possibilidades de expressão da Arte Espírita, ora para ilustrar reflexões sobre a importância de letra, melodia, harmonia e ritmo convergirem para uma mesma mensagem, dentro de cada composição. Além disso, recorremos ao clássico Armadura, do GAN, para uma vivência envolvendo sentimentos do Espírito, intenção do intéprete e expressão corporal.

Após mais de duas horas de interação e bate-papo, encerramos o encontro com um excelente retorno dos participantes sobre a contribuição daquele momento para o estímulo e o amadurecimento do trabalho. De nossa parte, nos colocamos à disposição para novos encontros como esse, incalculavelmente proveitosos para o nosso próprio aprendizado espiritual e para a reciclagem de idéias e sentimentos!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

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Comercial "espírita" sobre Deus

Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal.

Assim resume Allan Kardec, em A Gênese, Cap. 3, item 8, a contribuição espírita para o conhecido Problema do Mal que há tantos séculos divide teístas, agnósticos e ateus. O mal existe? Se sim, de onde ele vem? De Deus? Do Diabo? Por que Deus permite que ele nos aflija? E por aí se sucedem os questionamentos que já levaram, e continuam a levar, inúmeros seres humanos a negarem a possibilidade de existir um "deus bom"  - ou mesmo um deus de qualquer tipo.

De nossa parte, já nos aventuramos demoradamente nesses devaneios filosóficos. Foram longos e inconclusivos debates com céticos, materialistas, anti-espíritas e filósofos diletantes. Proveito sempre há quando nos permitimos admitir, ainda que em tese, o oposto do que nos parece certo e verdadeiro. Abre-se a mente, ampliam-se horizonte e, talvez o mais importante, ganhamos uma chance única de entender melhor o outro.

É que quando eu me permito assumir a visão alheia, fica muito mais fácil desbravar o terrenos obscuro das motivações e necessidades profundas da alma. Daquilo que todos nós costumamos esconder sob o véu de uma certa "racionalidade", de uma certa "objetividade", pelo simples fatos de não sermos capazes de encarar de peito aberto e mente desarmada. Aí criamos teorias, motivos, razões, explicações e uma série de outros artifícios para encobrir vazios ou incompletudes existenciais. E nos aferramos a eles.

O vídeo a seguir mostra como as coisas podem ser simples e, ao mesmo tempo, profundamente significativas. Ele faz parte de uma campanha social promovida pelo Ministério da Educação e da Ciência da Macedônia. O cabeçalho já diz tudo: Religiosidade também é conhecimento, que deve ser levado novamente para dentro da escola.



PS: Vale observar que o texto não é de fato de Albert Einstein. Contudo, como dizia Kardec acerca dos ensinamentos dos Espíritos, não é a pessoa deles o que nos interessa, mas o ensino que nos proporcionam. Ora, desde que esse ensino é bom, pouco importa que aquele que o deu se chame Pedro, ou Paulo. Deve ele ser julgado pela sua qualidade e não pelas suas insígnias. Portanto, fica a singela, mas edificante, reflexão para todos nós.

terça-feira, 4 de maio de 2010

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Um Manuscrito sobre Espiritualidade?

Nesta sexta, dia 7, a cantora Sandy Leah lança oficialmente seu primeiro CD solo, após o fim da longa parceria com o irmão Júnior Lima. Porém, para os fãs inveterados, há pouca novidade a esperar. É que, ao longo das últimas semanas, o CD Manuscrito foi sendo disponibilizado faixa a faixa para venda e, logo a seguir, para ouvir gratuitamente na Rádio UOL.

E o que se pôde ouvir ao longo das treze faixas do novo álbum? Uma certa guinada em termos de estilo, de sonoridade e, o que mais nos chamou a atenção, de temática. Sabe aquele romantismo juvenil que notabilizou o trabalho da Sandy? Ele ainda aparece, mais maduro, agora que ela cresceu e casou. Só que a paixão divide espaço também com letras que tratam de questões existenciais e... espirituais!

Sim, essa sim nos pareceu a grande novidade do novo trabalho. A idéia de caminhada, de busca, de dar passos perpassa toda a obra, revelando frequentemente uma certeza intuitiva a respeito daquilo que É, que está além da superfície. A exemplo da canção Quem eu sou:

Deixo o sol guiar o meu olhar / E assim eu vou / Procurando nos meus sonhos / Descobrindo quem realmente eu sou / Inventando um caminho / Libertando quem realmente eu sou.

E quando falamos de caminhar com uma "certeza intuitiva", a referência é a algo explicitado com todas letras em músicas como Dedilhada:

E os passos vão / Firmes no caminho / Em direção ao que não foi escrito / Intuição sopra em meu ouvido / Escuto e vou.

Há medo, dor e insegurança, mas nada capaz de se sobrepor ao otimismo de quem enxerga um porto seguro além, como fica claro na letra de Tempo:

E todo o medo, desespero e a alegria / E a tempestade, a falsidade, a calmaria / E os seus espinhos e o frio que eu sinto / Isso vai passar também.


Muitas vezes, as letras jogam com a ambiguidade, com a multiplicidade de sentidos, com referências que tanto poderiam ser à Divindade quanto à pessoa amada. É o que lê tanto em O que faltou ser:

Não me escondo do medo de não me reerguer / Do silêncio de uma vida sem você / De tudo o que faltou ser.

Quanto na que traz o sugestivo título de Perdida e salva:

E apesar de ser tão imenso / Cabe em mim / O mundo que você me deu / Não há sensação melhor não ha / Sinto estar perdida e salva.

Contudo, para além de toda a polissemia, há uma música que nos parece carregada demais de referências à espiritualidade para que a idéia de ser apenas "mais uma de amor" resista a um olhar mais atento. É a música de trabalho, Pés cansados.

Ela traz a idéia da ovelha desgarrada que se depara com as dificuldades de caminhar sem Pastor (Fiz mais do que posso, ví mais do que aguento e a areia nos meus olhos é a mesma que acolheu minhas pegadas); da impossibilidade de uma vida plena sem Deus (Eu lutei contra tudo, eu fugi do que era seguro, descobrí que é possível viver só, mas num mundo sem verdade); e, finalmente, do arrependimento, seguido do retorno à Fonte (Depois de tanto caminhar, depois de quase desistir, os mesmos pés cansados voltam pra você).

Ainda ficou em dúvida?! Pois medite sobre o que acabou de ler e assista a esse belo clipe não-oficial de Pés Cansados:

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Novas

Nova experiência de Integração e Arte

O Espírito de Arte teve a grata oportunidade de participar neste sábado do 1° Ensaio Aberto de Arte Espírita organizado pela Coordenação de Artes da Federação Espírita do Estado do Ceará (Feec). O encontro aconteceu no fim da tarde, no Centro Espírita Missionários da Luz, em Fortaleza, e contou também com a participação dos grupos Cantar É Viver, Cativar e Spectrus. A proposta do evento é de se tornar um oportunidade regular de integração e troca entre os grupos de arte espírita do Ceará, visando ao crescimento dos trabalhos.

O Ensaio começou num clima de muita descontração e leveza. Enquanto alguns montavam os equipamentos de som, havia quem conversasse, fizesse malabares ou simplesmente curtisse o ambiente. Nada mais natural, num espaço tão bonito e bem cuidado como aquele que nos acolhia a todos. Uma bela área verde, grama no chão e flores ao redor que coloriam e decoravam o lugar, tornando-o ainda mais agradável.

A idéia era que cada grupo apresentasse algumas de suas composições para os demais, sem muitas formalidades, para, ao final, podermos trocar um pouco das impressões que cada um teve do outro grupo. O Espírito de Arte foi o primeiro a se apresentar, com Em Laços, Seja Diferente e Reencarnação. Em seguida foi a vez do Cantar é Viver, que está em processo de gravação do primeiro CD e nos presenteou com Na lata e Sambinha do Amor. Depois veio o Cativar, do Centro Espírita João, o Evangelista, que está passando por um momento de reestruturação. O grupo deixa de lado o formato coral e assume uma identidade de banda. Eles tocaram Alegria e Consolador Prometido. Para fechar o encontro, ouvimos as músicas do novíssimo e promissor grupo Spectrus, formado por jovens da Mocidade Espírita Paulo e Estevão. Eles tocaram Luz e Salve meu coração.

Ao final, sentamos todos em uma grande roda para avaliar brevemente aquele momento. Foi interessante perceber como o Ensaio Aberto ecoou positivamente! A maior parte dos comentários giraram em torno de “adorei a integração deste encontro”, “foi muito bom poder ouvir o estilo do outro grupo”, “aqui podemos nos aprimorar mais tecnicamente”, “vamos fazer isso sempre”. Enceramos com uma bela prece musicada e a sensação de que juntos podemos ir muito mais longe, alçando vôos cada vez mais audaciosos.

O próximo ensaio já ficou marcado para o dia 3 de julho! E nós, é claro, estaremos lá!