sábado, 23 de fevereiro de 2013
Os Anos são Degraus
Os anos são degraus; a vida a escada.
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada,
só Deus pode fechá-la,
pode abri-la.
São vários os degraus; alguns sombrios,
outros ao sol, na plena luz dos astros,
com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros
nas mãos dos vendavais.
Mas tudo são degraus; tudo é fugir
à humana condição.
Degrau após degrau,
tudo é lenta ascensão.
Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Estrada,
se encontre, após esta ansiedade imensa,
uma porta fechada
– e nada mais?
(Fernanda de Castro in Asa no Espaço, pp. 73 e 74, Lisboa, 1955)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
E quando vem a culpa?
E quando surge a culpa, durante o processo de reconhecimento das grossas camadas de ilusão que se sedimentaram em nossa intimidade ao longo dos milênios? O que fazer com a incômoda sensação de que somos indignos, imprestáveis, desprezíveis até? Sim, porque é muito natural sentir-nos culpados, quando começamos a permitir que a Luz da Verdade evidencie as sombras que há tanto tempo cultivamos em nossa alma.
Depois de um longo tempo de ignorância espiritual, caminhando à base do automatismo, da fuga da dor, da busca pelo prazer, da necessidade de ser reconhecido e admirado pelos outros, não é fácil começar a caminhar de olhos abertos. A cegueira temporária de Saulo após o encontro com o Cristo ilustra fielmente a dificuldade de adaptação do nosso olhar às Claridades Celestes, tão fortemente habituados que estamos à escuridão e à penumbra do nosso mundo.
Ora, a culpa, ao lado do medo, são estados de espírito que nos paralisam. Eles nos impedem de caminhar e, em especial no caso da culpa, de aproveitar tudo de Belo que a Verdade põe ao alcance da nossa vista. Porque o propósito de ganharmos gradualmente consciência de nossa condição espiritual, com tudo de bom e de ruim que ela possui hoje, é acelerar nosso crescimento, jamais retardá-lo.
Poderíamos falar de processos íntimos, modificação de ideias, renovação do pensamento... Mas o que nos parece estar na base disso tudo, sendo o passo primeiro e mais importante para evitar a culpa em meio ao reconhecimento das próprias dificuldades íntimas, é a companhia do outro. Não de qualquer um, mas daqueles Espíritos que, como nós, decidiram trilhar o Caminho.
Enfrentar a dura jornada do autoconhecimento ao lado de irmãos igualmente comprometidos com esse propósito torna o processo mais rico e a caminhada menos árdua. Evita tanto a ilusão da superioridade quanto a da inferioridade. E nos permite crescer apoiados uns nos outros, como nosso querido Mestre recomendou aos primeiros cristãos. Reconhecendo em nós e no outro a dor, reconhecendo em nós e no outro a capacidade de superação...
O ambiente propício para a vivência deste processo é o que temos procurado desenvolver em nossa casa espírita sob a orientação do professor Eurípedes!
Depois de um longo tempo de ignorância espiritual, caminhando à base do automatismo, da fuga da dor, da busca pelo prazer, da necessidade de ser reconhecido e admirado pelos outros, não é fácil começar a caminhar de olhos abertos. A cegueira temporária de Saulo após o encontro com o Cristo ilustra fielmente a dificuldade de adaptação do nosso olhar às Claridades Celestes, tão fortemente habituados que estamos à escuridão e à penumbra do nosso mundo.
Ora, a culpa, ao lado do medo, são estados de espírito que nos paralisam. Eles nos impedem de caminhar e, em especial no caso da culpa, de aproveitar tudo de Belo que a Verdade põe ao alcance da nossa vista. Porque o propósito de ganharmos gradualmente consciência de nossa condição espiritual, com tudo de bom e de ruim que ela possui hoje, é acelerar nosso crescimento, jamais retardá-lo.
Poderíamos falar de processos íntimos, modificação de ideias, renovação do pensamento... Mas o que nos parece estar na base disso tudo, sendo o passo primeiro e mais importante para evitar a culpa em meio ao reconhecimento das próprias dificuldades íntimas, é a companhia do outro. Não de qualquer um, mas daqueles Espíritos que, como nós, decidiram trilhar o Caminho.
Enfrentar a dura jornada do autoconhecimento ao lado de irmãos igualmente comprometidos com esse propósito torna o processo mais rico e a caminhada menos árdua. Evita tanto a ilusão da superioridade quanto a da inferioridade. E nos permite crescer apoiados uns nos outros, como nosso querido Mestre recomendou aos primeiros cristãos. Reconhecendo em nós e no outro a dor, reconhecendo em nós e no outro a capacidade de superação...
O ambiente propício para a vivência deste processo é o que temos procurado desenvolver em nossa casa espírita sob a orientação do professor Eurípedes!
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Adotando a Evangelização de Espíritos II
Quais os efeitos das mudanças implementadas no Lar Espírita Chico Xavier, sob inspiração da Evangelização de Espíritos? Com essa pergunta encerramos o texto anterior e com ela começamos este. As consequências têm sido muitas e profundas, na medida em que se trata de um processo gradual que se desenvolve desde meados de 2011.
Após um ano e meio de estudos e reflexões em torno da proposta de Eurípedes para a educação do Ser Espiritual, de pequenas experiências realizadas em todos os setores da casa com base na metodologia, o que mais mudou foi a percepção de cada trabalhador do Lar envolvido com a Evangelização sobre si mesmo.
Depois de reiterados estímulos para nos habituarmos a uma percepção mais clara sobre nós mesmos, não se poderia esperar menos do que um razoável amadurecimento da capacidade de refletir sobre si, por parte dos participantes dos encontros.
Ora, quem reflete mais e melhor sobre si não demora a compreender mais claramente suas necessidades e seus compromissos espirituais. E, mais dia, menos dia, parte da compreensão para a ação comprometida com seus propósitos reencarnatórios.
Assim é que temos visto, com indescritível alegria, tímidos trabalhadores da casa fazendo e compartilhando reflexões maduras sobre suas próprias dificuldades, em nossos círculos de estudos evangélicos, revelando firme compromisso de trabalhar esses entraves sob a condução amorosa de Eurípedes. Mais do que isso, esses trabalhadores vêm se revelando dedicados evangelizadores de Espíritos à frente dos nossos estudos de quarta-feira, que têm substituído a antiga atividade no formato de palestra.
Dessa forma, nas duas últimas quartas-feiras, a dupla responsável pelo estudo sobre Tolerância, além de partilhar com franqueza e maturidade suas dificuldades e conquistas na busca por vivenciar a tolerância, se serviu de dois importantes recursos propostos pela Evangelização de Espíritos para estimular os participantes a refletir acerca do tema. No primeiro dia, fomos todos convidados a sair do salão para nos sentarmos em círculo ao ar livre, ao lado de uma aceroleira e de uma espirradeira que cresceram juntas - melhor ainda, entrelaçadas - em nosso jardim.
Toda a reflexão da noite, feita de forma gradual e participativa, foi suscitada pela observação detida dessas árvores, tão diferentes entre si, que, apesar das diferenças, se desenvolveram tolerando-se e apoiando-se mutuamente. Já no segundo dia, que transcorreu da mesma forma, o estímulo foi a música. Em particular, uma extraordinária canção de Rodrigo Marçal e Tarcízio Francisco, intitulada Eu e o Outro, que você confere abaixo:
Será que essa canção, em especial sua belíssima letra, tem algo a nos dizer sobre Tolerância? Durante o estudo da última quarta-feira, sob a condução de nossas evangelizadoras, Eu e o Outro serviu de fio condutor para pensarmos a tolerância a partir da nossa dificuldade de enxergar com clareza o outro e o mundo à nossa volta, fechados que estamos há milênios no egoísmo doente. Cada um, é claro, refletindo sobre a (in)tolerância que há em si, e compartilhando com os demais o que se sentia à vontade para exteriorizar. Para saber mais sobre como está estruturado este trabalho que desenvolvemos às quartas no Lar Espírita Chico Xavier, clique aqui.
Após um ano e meio de estudos e reflexões em torno da proposta de Eurípedes para a educação do Ser Espiritual, de pequenas experiências realizadas em todos os setores da casa com base na metodologia, o que mais mudou foi a percepção de cada trabalhador do Lar envolvido com a Evangelização sobre si mesmo.
Depois de reiterados estímulos para nos habituarmos a uma percepção mais clara sobre nós mesmos, não se poderia esperar menos do que um razoável amadurecimento da capacidade de refletir sobre si, por parte dos participantes dos encontros.
Ora, quem reflete mais e melhor sobre si não demora a compreender mais claramente suas necessidades e seus compromissos espirituais. E, mais dia, menos dia, parte da compreensão para a ação comprometida com seus propósitos reencarnatórios.
Assim é que temos visto, com indescritível alegria, tímidos trabalhadores da casa fazendo e compartilhando reflexões maduras sobre suas próprias dificuldades, em nossos círculos de estudos evangélicos, revelando firme compromisso de trabalhar esses entraves sob a condução amorosa de Eurípedes. Mais do que isso, esses trabalhadores vêm se revelando dedicados evangelizadores de Espíritos à frente dos nossos estudos de quarta-feira, que têm substituído a antiga atividade no formato de palestra.
Dessa forma, nas duas últimas quartas-feiras, a dupla responsável pelo estudo sobre Tolerância, além de partilhar com franqueza e maturidade suas dificuldades e conquistas na busca por vivenciar a tolerância, se serviu de dois importantes recursos propostos pela Evangelização de Espíritos para estimular os participantes a refletir acerca do tema. No primeiro dia, fomos todos convidados a sair do salão para nos sentarmos em círculo ao ar livre, ao lado de uma aceroleira e de uma espirradeira que cresceram juntas - melhor ainda, entrelaçadas - em nosso jardim.
Toda a reflexão da noite, feita de forma gradual e participativa, foi suscitada pela observação detida dessas árvores, tão diferentes entre si, que, apesar das diferenças, se desenvolveram tolerando-se e apoiando-se mutuamente. Já no segundo dia, que transcorreu da mesma forma, o estímulo foi a música. Em particular, uma extraordinária canção de Rodrigo Marçal e Tarcízio Francisco, intitulada Eu e o Outro, que você confere abaixo:
Será que essa canção, em especial sua belíssima letra, tem algo a nos dizer sobre Tolerância? Durante o estudo da última quarta-feira, sob a condução de nossas evangelizadoras, Eu e o Outro serviu de fio condutor para pensarmos a tolerância a partir da nossa dificuldade de enxergar com clareza o outro e o mundo à nossa volta, fechados que estamos há milênios no egoísmo doente. Cada um, é claro, refletindo sobre a (in)tolerância que há em si, e compartilhando com os demais o que se sentia à vontade para exteriorizar. Para saber mais sobre como está estruturado este trabalho que desenvolvemos às quartas no Lar Espírita Chico Xavier, clique aqui.
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Áquila, Prisca e as sinalizações de Deus em nossas vidas
Se toda mudança exige esforço, a verdadeira renovação em Cristo jamais deixará de nos cobrar o preço do suor e das lágrimas. Suor do trabalho, do serviço, do empenho e da superação. Lágrimas da solidão, da incompreensão e da dor. Mas, amoroso que é o nosso Pai, nunca faltarão pontos de apoio e nem sinalizações providencialmente dispostas nos caminhos daquele que se entrega à edificação íntima da Verdade.
Para Saulo, o ex-perseguidor recém-convertido ao Evangelho, tudo era confusão, depois que deparara a Luz do Cristo. Ao lado da firme disposição de mudar, havia ainda toda uma carga doente de hábitos mentais, condicionamentos emocionais e apegos sentimentais a serem superados. O futuro apóstolo queria ser novo, mas não sabia ao certo o que fazer com o homem velho.
Para dar à vontade de mudar de Saulo impulso e direcionamento, Deus põe em seu caminho a dupla Áquila e Prisca. O exemplar casal cristão que vivia em meio ao deserto acolheu de braços abertos o antigo algoz e, com afeto e simplicidade, deu ao jovem de Tarso novo alento para caminhar e novos horizontes para almejar...
Para Saulo, o ex-perseguidor recém-convertido ao Evangelho, tudo era confusão, depois que deparara a Luz do Cristo. Ao lado da firme disposição de mudar, havia ainda toda uma carga doente de hábitos mentais, condicionamentos emocionais e apegos sentimentais a serem superados. O futuro apóstolo queria ser novo, mas não sabia ao certo o que fazer com o homem velho.
Para dar à vontade de mudar de Saulo impulso e direcionamento, Deus põe em seu caminho a dupla Áquila e Prisca. O exemplar casal cristão que vivia em meio ao deserto acolheu de braços abertos o antigo algoz e, com afeto e simplicidade, deu ao jovem de Tarso novo alento para caminhar e novos horizontes para almejar...
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
O Saulo que somos e o Paulo que podemos ser
Orgulho, vaidade, prepotência, arrogância, vontade de dominar, desejo de impor, necessidade de ser reconhecido... Construções doentes de nossa alma que nos causam dor, sofrimento, medo, insegurança... Que chegam até a nos deixar a impressão de sermos indignos do Amor Incondicional que Jesus devota a cada um de nós. Mas, como os evangelhos deixam bem claro, foi para nós, ovelhas perdidas, doentes espirituais, que Ele declarou ter vindo a este mundo. Para nos amparar, orientar e conduzir novamente a Deus. Mais do que isso, dando provas da confiança profunda que reservava mesmo à criatura mais perdida nas ilusões do mundo, Ele não apenas envolveu, como convocou expressamente para servir ao Seu lado um Saulo de Tarso. Um homem detentor de todas as dificuldades enumeradas no início deste texto, perseguidor de cristãos, completamente desnorteado em seus propósitos existenciais. Mas também um homem que, sob o Amor do Cristo, conseguiu converter o erro em Verdade, a cegueira em Visão e o ódio em Amor. Como cada um de nós também é amorosamente convidado a fazer...
Assinar:
Postagens (Atom)