Novo encontro, Espíritos compromissados se unindo para um novo porvir...
Nos versos vertidos pela mão da educadora Alzira Bessa Amui, encontramos o mote para falar do nosso 2º Encontro Regional da Evangelização de Espíritos.
Três cidades, três estados, três regiões do Brasil, unidos pelo fio condutor da proposta elaborada por Eurípedes Barsanulfo para a Educação do Ser Espiritual que somos.
Se no ano passado centenas de trabalhadores espíritas de dezenas de cidades do país se reuniram nos quatro locais de encontro para conhecer a metodologia desenvolvida pelo Querido Professor, desta vez a oportunidade é de aprofundar as reflexões sobre a Evangelização de Espíritos, em especial no que diz respeito a sua aplicação no âmbito da casa espírita.
Sim, porque, se a finalidade primária desta proposta é "conduzir o pensamento do Espírito dentro da Verdade, de tal forma que se sinta compromissado com sua evolução", sua aplicação acaba repercutindo direta e profundamente tanto na forma de evangelizar, quanto na própria forma de estruturar os trabalhos da casa espírita.
A esse respeito, é preciso considerar: Em que se baseia a organização da nossa casa? Essa organização se presta a atender verdadeiramente à criança, ao jovem, ao adulto e ao idoso que batem à porta da instituição? Todos têm tido a chance de crescer e se realizar com as oportunidades de estudo e serviço oferecidas pela casa? Será preciso aprimorar os trabalhos? Será possível extrair mais das atividades espíritas? Será que o que funcionou no passado ainda continua a funcionar como antes?
Esses são apenas alguns dos pontos que serão tratados no dia 5 de outubro, ao longo de todo o dia, em Santos (SP), Fortaleza (CE) e Rodeio (SC), no Encontro Regional da Evangelização de Espíritos. Neste dia, educadores e evangelizadores ligados ao Grupo Espírita Esperança e Caridade, casa fundada em 1905, por Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG), estarão espalhados pelo país compartilhando os frutos da generosa árvore plantada pelo mais extraordinário educador espírita que passou por este mundo...
Devidamente esclarecida a nova estrutura dos estudos de quarta-feira no Lar Espírita Chico Xavier que substitui o formato tradicional de palestras, vamos relatar hoje a experiência de um estudo específico desenvolvido à luz da Evangelização de Espíritos. Durante o mês de março, ao longo de três noites, diferentes expressões artísticas serviram como recurso para nos ajudar a refletir sobre a humildade, umas das construções íntimas fundamentais do Homem de Bem elencadas por Allan Kardec no Evangelho segundo o Espiritismo.
No primeiro encontro, os cerca de 30 participantes se dividiram em cinco grupos. O evangelizador de Espíritos responsável por cada um teve o papel de estimular o grupo à reflexão sobre o tema a partir de um trecho da canção Pedro. A letra foi segmentada em cinco partes, de forma que cada agrupamento se debruçou sobre uma parte distinta do belíssimo texto de Gladston Lage musicado por Tim, da dupla Tim e Vanessa. Dentro da proposta de garantir que os estudos sejam uma experiência evangelizadora não só para os participantes, mas, antes de tudo, para os próprios evangelizadores responsáveis, cada um deles assumiu um trecho da música em que sobressaía uma necessidade de aprendizado sua no campo do sentimento.
Após ricas reflexões, entremeadas por depoimentos emocionados e marcadas por grande adesão dos participantes à proposta de reconhecer em si dificuldades semelhantes às vivenciadas pelo líder dos apóstolos, foi hora de artefazer! Reunimo-nos mais uma vez no grande círculo para cantarmos juntos, cada grupo o seu trecho, a canção base dos estudos da noite, encerrando sob intensa vibração a primeira reunião centrada na questão da humildade.
Uma semana depois, procurou-se retomar os mesmos grupos. Desta vez, os evangelizadores incumbiram-se de estimular os participantes a identificar em suas próprias vidas situações recorrentes em que sentiam dificuldade de vivenciar a humildade. Apesar da grande diversidade nos graus de maturidade e facilidade reflexivas entre os participantes, foi incontestável o valor da experiência. Quão poucas vezes somos estimulados, em um ambiente de acolhimento e confiança, a mergulhar em nós mesmos para reconhecer mais claramente as questões que urge trabalhar nesta oportunidade reencarnatória!
Ao fim dos relatos, a arte. Desta vez, o teatro. Cada grupo escolheu um dos depoimentos para representar diante dos demais na forma de uma "foto", uma cena estática. O plano original era que os observadores pudessem refletir e propor como cada cena poderia ser modificada, de forma a dar encaminhamentos ao problema retratado. Uma técnica semelhante ao Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, enriquecida, porém, pela contribuição espírita. Como não havia mais tempo, porém, naquela noite as cenas foram apresentadas e modificadas de forma mais espontânea do que reflexiva, tendo funcionado como um exercício inicial a ser aprofundado no encontro seguinte.
E foi assim mesmo que teve início a última noite de estudos sobre a humildade. Um dos grupos refez a foto para que os demais pudessem observar detidamente a situação retratada. Pouco a pouco iam descortinando o que se passava e propondo mudanças. A orientação dos evangelizadores foi a de que os participantes mantivessem em mente o fato de que só é possível ter plena responsabilidade sobre a mudança a ser feita em nós mesmos. Os que nos cercam, nós podemos estimulá-los a mudar, porém nada garante que haverá uma transformação efetiva. Assim, as mudanças propostas na cena deveriam se centrar na figura da pessoa que havia relatado o caso, que havia compartilhado a dificuldade. Em sua disposição, em sua postura em cena, em sua forma de se relacionar com os demais envolvidos no quadro...
Ao fim das intervenções, os participantes da cena relataram o que sentiram durante o processo, destacando a contribuição da experiência teatral diferenciada para abrir novos horizontes de enfrentamento dos problemas. E para o encerramento dos estudos sobre o tema, todos foram convidados a uma nova vivência com arte. Os participantes foram divididos em dois grupos. Um foi para fora do salão e o outro permaneceu no local.
Para os que ficaram, a instrução foi a de que mentalizassem uma pessoa com quem tinham dificuldade de se relacionar. Em especial, um relacionamento que fosse entravado pelo orgulho. E que imaginassem como seria receber naquele momento especial, naquele ambiente espiritualmente preparado, essa pessoa, disposta a uma reconciliação. Para os que saíram, as orientações foram as mesmas, com a diferença de que eles foram estimulados a se permitir experimentar a iniciativa da reconciliação, repetindo um dos gestos mais marcantes do Cristo... O resultado foi um fechamento impactante, difícil para muitos, mas renovador para todos os que se permitiram vivenciar, por meio da arte, uma nova postura diante de um velho problema...
Naquela tarde em Jerusalém
O céu estava tão cinzento
Até o vento se escondera pra chorar
E eu também chorava amargamente
Lembrando em minha mente
Os Teus olhos
Aquela chama em Teu olhar
Os Teus olhos
De quem sabia amar
Meu coração de mulher
Muito tempo buscou o amor
Que em Ti enfim encontrei
Como viver sem você
Sem a Tua amizade, seu o Teu carinho
Naquela manhã em Jerusalém
A saudade foi maior e então
Fui em busca de Ti
Mas a pedra não estava no lugar
O sepulcro era vazio
Uma voz me chamou, então vi
Os Teus olhos
Aquela chama em Teu olhar
Os Teus olhos
De quem sabia amar
Então,
Você está aqui e tudo está em paz
Você está aqui, e tudo está em paz
Você está aqui
(...) Ele era um homem comum, que retornava do seu trabalho, quando foi abordado pelos soldados, que lhe impuseram uma tarefa áspera que, no entanto, se tornaria divina.
Do que se tratava, propriamente, aquele homem não sabia...
Que lhe aconteceria, caso não se submetesse, sequer imaginava...
Sabia, contudo, que uma força intensa e especial conduzia-o à obediência.
(...) Ninguém relata se ele se insurgiu ou não. Não há registro de uma qualquer palavra sua. Sabe-se, apenas, que foi o cireneu, que aliviou os ombros do Celeste Condenado, suportando a Sua cruz, durante algum tempo, embora constrangido.
Cirene, sem dúvida, gerou filhos importantes, em sua sociedade, mas, nenhum deles conseguiu o galardão que aquele anônimo trabalhador alcançou, ao co operar com Jesus Cristo, sem sequer conhecê-Lo, naqueles momentos de testemunho e de definição muito graves.
Pensando em Jesus e naquele que O auxiliou, nas estradas escarpadas do Gólgota, pense no ensejo que você pode ter de tornar-se um cireneu dos tempos modernos, aliviando os ombros cansados e feridos de tantos irmãos, que tentam superar as próprias dificuldades, nos mesmos caminhos em que você está.
Não se faça indiferente. Não deixe que o constrangimento o impeça de servir.
Vá e ajude. É Jesus Cristo que de você necessita, como no passado necessitou daquele homem comum.
Francisco de Paula Vitor, psicografado por J. Raul Teixeira, in Vida e Mensagem
Inicialmente, convém lembrar que nosso programa de estudos que começou em janeiro e deverá se estender até maio se baseia num olhar analítico, reflexivo e, em alguns momentos, vivencial sobre o item 3, capítulo 17, do Evangelho segundo o Espiritismo. O texto, escrito por Kardec, enumera as características do "verdadeiro homem de bem".
O que fizemos foi agrupar essas características em categorias (Benevolência, Indulgência, Autocrítica, Desapego etc), convidando cada trabalhador da casa a identificar qual destas construções íntimas do homem de bem era mais desafiadora para si, mais difícil de ser vivenciada. Feita a escolha, aqueles que selecionaram a mesma virtude foram agrupados em duplas ou trios e estimulados a conduzirem juntos os estudos sobe o tema, às quartas à noite, no Lar Espírita Chico Xavier.
Observe-se a preocupação de que os estudos fossem, antes de tudo, oportunidades-estímulos para que os trabalhadores da casa aprofundassem as reflexões sobre a dificuldade pessoal identificada, procurassem subsídios para aclarar as ideias sobre a questão na literatura espírita e dedicassem mais atenção ao enfrentamento do problema, de forma a poderem compartilhar a experiência com os demais participantes durante o estudo.
Ou seja: mesmo que não houvesse público nenhum durante a reunião, o processo em si de reflexão, estudo e vivência já teria sido suficientemente valioso para os expositores. Afinal, longe de nos pretendermos grande oradores ou profundos estudiosos do tema - ainda que todos sejamos espíritas atuantes há muitos anos -, todos os participantes deste projeto somos Espíritos que tiveram a coragem de reconhecer uma dificuldade íntima e aceitaram o desafio de tentar crescer com a ajuda de um novo estímulo!
Porém, se dentro dessa proposta o trabalho de evangelização já estaria sendo feito mesmo sem público, o que temos visto em nossos estudos é uma notável regularidade na quantidade de frequentadores desta reunião. Se no tempo das palestras havia uma enorme variação no número de participantes, que muitas vezes giravam em torno de 10, desde que a reunião passou a adotar o formato circular, em caráter participativo e com ênfase na partilha de experiências mediada pelo conhecimento espírita, dificilmente temos menos de 30 pessoas na casa.
E assim, juntos, com uma adesão inédita de trabalhadores e frequentadores, temos tido noites de grande vibração e profundas reflexões no Lar Espírita Chico Xavier. Nos próximos textos, nós vamos contar em detalhes como foram alguns estudos movidos a arte que foram desenvolvidos dentro desse projeto! Por ora, ficamos com uma singela canção do vasto repertório de Sacramento, quase todo composto por letras mediúnicas recebidas pela querida Alzira Bessa e melodias extremamente inspiradas escritas pelo não menos querido amigo Moacyr Camargo.
A canção que tocamos pela primeira vez na casa no dia em que decidimos adotar a metodologia em todas as atividades da casa, e que tem embalado boa parte das nossas reuniões desde então se chama Encontro. Com ela concluímos mais este relato sobre a bendita experiência de descoberta do Ser Espiritual que somos que o Professor Eurípedes tem nos ajudado a vivenciar!