sábado, 17 de outubro de 2009

A Questão Espiritual em Harry Potter - Parte 3


Os mortos não deixam de existir. Continuam a ter consciência de si. Podem sentir o mundo a sua volta. Podem interagir uns com os outros e também com os que ficaram. E conseguem até dar alguns pitacos no rumo das coisas por estas bandas... Será uma síntese das idéias espíritas? Não exatamente. Esse é apenas o resumo das conclusões a que chegamos nos dois primeiros artigos sobre espiritualidade em Harry Potter.

No primeiro deles, lançamos a proposta de esboçar uma teoria espiritualista sobre o universo mágico elaborado por JK Rowling. A partir, é claro, das inúmeras pistas que obra e autora têm a oferecer sobre o tema. No segundo texto, damos prosseguimento à discussão, ampliando-a para a própria concepção do enredo, que, certo dia, "por quatro horas seguidas", "fervilhou no cérebro" da escritora, segundo seu próprio relato.


Agora, vamos no deter no último livro da série. O magistral Harry Potter and the Deatlhy Hallows, lançado no Brasil como As Relíquias da Morte. Ao mesmo tempo em que reafirma as conclusões dos artigos anteriores, ele lança pistas novas e intrigantes sobre a questão espiritual.

Naturalmente, daqui em diante o texto fala claramente sobre o enredo do livro. Portanto, quem ainda não leu e não gosta de saber antecipadamente das coisas, aproveite para reler os primeiros artigos e não prossiga neste!


Já no título, a confirmação do papel central exercido pelo problema da morte na trama. As tais relíquias nada mais são do que objetos que permitiriam ao possuidor "driblar" a morte. Uma capa de invisibilidade, imune a qualquer tipo de dano, capaz de ocultar o dono dos perigos. Uma varinha mágica que torna seu proprietário virtualmente invencível, portanto, imune a ameaças mortais. E uma pedra que consegue trazer de volta os mortos, preenchendo, ao menos, a lacuna deixada pela separação.

No mundo dos bruxos, esses objetos eram considerados lendários, pertencentes às fábulas infantis. Mas ao longo da trama, percebe-se que eles existem sim e, ironicamente, já levaram incontáveis aventureiros à morte. Fosse por ignorar os perigos concretos e imediatos no afã de encontrá-los, fosse por julgar-se, de fato, "senhor da morte" ao possui-los, e acabar também se descuidando de outras ameaças.



Para nossos propósitos, é interessante nos deter em uma das relíquias: a Pedra da Ressurreição. É ela que permite um dos momentos mais emocionantes - e transcendentais - de toda a trama. Quando Harry mais precisa, quatro pessoas "mortas" - em vida, extremamente importantes para ele - como que se materializam na frente do herói. "Menos substanciais que corpos vivos, e bem mais do que fantasmas, eles se moveram em sua direção, em cada face, o mesmo sorriso amoroso", descreve Rowling.


E naquele momento o aconselharam, reanimaram e garantiram a força que faltava para Harry cumprir a dolorosa missão que teria pela frente. O detalhe curioso é que, quando perguntou se outros não poderiam vê-los, ele ouviu a seguinte resposta: "Somos parte de você, invisíveis para outras pessoas". Uma pedra que aguça as faculdades mediúnicas do possuidor? A autora prefere deixar a questão meio nebulosa...

Da mesma forma que faz num momento à frente, este sim, o mais transcendental de toda a série! Ao tomar um golpe, que deveria ser mortal, Harry se vê numa espécie de limbo. Acorda lenta e desorientadamente, os sentidos voltando pouco a pouco a funcionar. À medida que toma consciência de si, sua mente começa a dar forma à imprecisão do espaço que o cerca.



Ao perceber que está nu, ele se incomoda, e deseja estar vestido. "Mal o desejo se formou na mente e apareceram roupas a uma pequena distância", relata a autora. A elaboração do meio não pára. "Harry se virou lentamente para o local, e os arredores pareciam se inventar ante os seus olhos", explica. É como se ele estivesse formando aquele espaço mentalmente, de forma instintiva, sem se dar conta, com base nas necessidades que vai experimentando. Qualquer semelhança com um certo Laboratório do Mundo Invisível não há de ser mera concidência...

Quando finalmente encontra alguém, o espanto: "Mas você está morto"! "Sim", responde o interlocutor. "Então... eu também estou?", pergunta. "Essa é a questão, não é?", pondera o Espírito, completando: "No geral, meu garoto, acredito que não".

Pois é! Harry Potter tem uma Experiência de Quase-Morte! Além de uma excelente oportunidade para ponderar sobre a vida, debater questões complexas e descobrir informações que desconhecia. O interlocutor explica que ele tem a chance de escolher entre retornar ou seguir. Mas para onde? "Em frente", como quem prefere desconversar.

A escolha? A que justifica o valor quase divino do sacrifício, do devotamento e da abnegação. Um assunto moral, mas com implicações espirituais, que vai ser o tema central do nosso quarto e último artigo sobre A Questão Espiritual em Harry Potter!

sábado, 3 de outubro de 2009

Mais

O rapper espírita que ganhou a mídia

Já imaginou um rapper nascido e criado no interior de Goiás? Cuja influência musical, até os dez anos de idade, se resumia às modas de viola cantadas pelo avô, na fazenda onde moravam?

Esse é Túlio Dek, o músico que emplacou, logo no primeiro
álbum, um hit em novela das 8 da Globo: "Sou muito eclético e sei separar muito bem as coisas. Gosto de ouvir Vinícius pra compor e hip hop pra me inspirar", disse ao jornal Plug, logo após o lançamento do CD.

Mas o que nos leva a falar dele aqui é outro fato interessante: Túlio é espírita declarado, a começar pelo próprio nome artístico que escolheu: "Tive o insight de pegar o 'Dek' do Allan Kardec, com 'k', pra modificar um pouco", explica.

O contato com o espiritismo começou na adolescência, quando a família se mudou para o Rio de Janeiro. Já aos 19 anos, o rapper participava de reuniões mediúnicas e psicografava textos. "Depois que me estabelecer com meu som, quero lançar um livro com os poemas que psicografei e doá-los. Não quero vendê-los porque isso não é meu. É um auxílio que recebo", disse ao Extra Online em julho de 2008.

Sem ter vivido na favela, Túlio usa a música para falar da vida, das dificuldades e superações que fazem parte do dia-a-dia. No emaranhado de temas e situações que aborda nas letras, a influência espírita se revela em versos como:

"Idas e vindas, vidas nascidas de partida / Experiência adquirida, confiança em dobro / Integrado, corpo e espírito no jogo", "A gente tem que saber levar / E entender que tudo vai passar / Nem sempre a gente pode enxergar / Mas o sol nunca deixa de brilhar" e "Tudo nessa vida é merecimento / O que a brisa leva, volta com o vento / Se não se decidiu, então corra atrás / Entre o bem e o mal, eu fico com a paz"

"Não acredito em sorte. Acredito em merecimento. Tem muita gente boa no mercado, mas as coisas são difíceis. Nada é por acaso. Você tem que correr atrás dos seus sonhos para que eles se realizem. Tem que correr atrás para merecer estar numa situação que te ajude a conquistar as coisas", revelou certa vez ao portal carioca Conexão Aluno.

Abaixo, o clipe da canção Tudo Passa, que foi tema do personagem Halley, na novela A Favorita. Título e letra sugestivamente espíritas...