quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E quando vem a culpa?

E quando surge a culpa, durante o processo de reconhecimento das grossas camadas de ilusão que se sedimentaram em nossa intimidade ao longo dos milênios? O que fazer com a incômoda sensação de que somos indignos, imprestáveis, desprezíveis até? Sim, porque é muito natural sentir-nos culpados, quando começamos a permitir que a Luz da Verdade evidencie as sombras que há tanto tempo cultivamos em nossa alma.

Depois de um longo tempo de ignorância espiritual, caminhando à base do automatismo, da fuga da dor, da busca pelo prazer, da necessidade de ser reconhecido e admirado pelos outros, não é fácil começar a caminhar de olhos abertos. A cegueira temporária de Saulo após o encontro com o Cristo ilustra fielmente a dificuldade de adaptação do nosso olhar às Claridades Celestes, tão fortemente habituados que estamos à escuridão e à penumbra do nosso mundo.

Ora, a culpa, ao lado do medo, são estados de espírito que nos paralisam. Eles nos impedem de caminhar e,  em especial no caso da culpa, de aproveitar tudo de Belo que a Verdade põe ao alcance da nossa vista. Porque o propósito de ganharmos gradualmente consciência de nossa condição espiritual, com tudo de bom e de ruim que ela possui hoje, é acelerar nosso crescimento, jamais retardá-lo.

Poderíamos falar de processos íntimos, modificação de ideias, renovação do pensamento... Mas o que nos parece estar na base disso tudo, sendo o passo primeiro e mais importante para evitar a culpa em meio ao reconhecimento das próprias dificuldades íntimas, é a companhia do outro. Não de qualquer um, mas daqueles Espíritos que, como nós, decidiram trilhar o Caminho.

Enfrentar a dura jornada do autoconhecimento ao lado de irmãos igualmente comprometidos com esse propósito torna o processo mais rico e a caminhada menos árdua. Evita tanto a ilusão da superioridade quanto a da inferioridade. E nos permite crescer apoiados uns nos outros, como nosso querido Mestre recomendou aos primeiros cristãos. Reconhecendo em nós e no outro a dor, reconhecendo em nós e no outro a capacidade de superação...

O ambiente propício para a vivência deste processo é o que temos procurado desenvolver em nossa casa espírita sob a orientação do professor Eurípedes!

Um comentário:

Allan Denizard disse...

Querido, eu entendo e sinto o quanto é importante estarmos juntos nisso tudo. Mas, sabe, um certo tipo de conhecimento que nos é dado feito presente, mesmo estando sozinhos, muda muita coisa. Nunca vou me esquecer quando li em O LIVRO DOS ESPÍRITOS esta passagem: 120. Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem? “Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.” Por Deus, como isso foi revolucionário para mim! De vez em quando repito isso feito um mantra para não me esquecer que é menos maldade e culpa do que ignorância e vontade de aprender. Por isso que às vezes você me pega insistindo para termos mais intimidade com nossas bases doutrinárias, com o verbo que delas evola. Que o compartilhar das experiências entre os iguais é imprescindível pra mim é fato, mas não o é menos o banho constante nessas águas cristalinas dos conhecimentos revelados pelos Espíritos superiores na codificação de Kardec. Ainda há muitas pessoas cheias dos atavismos das igrejas de muitas encarnações atrás que aguardam o menor descuido para voltar a se flagelar. Você fala do amor entre nós, eu insisto na instrução. Não somos da rivalidade nesse ponto, somos de Rivail juntos.