Qual de nós não tem nenhuma boa lembrança de Anjos, um dos maiores clássicos da música espírita no Nordeste? Melodia simples, harmonia envolvente e uma letra que convida à ação. Já embalou muitos encontros de jovens e caravanas do passado. Hoje continua a fazer sucesso no movimento espírita de vários estados.
Dia desses, uma amiga dos tempos de mocidade enviou pra gente um recado pelo Orkut sobre Anjos. Queria a “letra completa” da música, pois, segundo ela, em todos os sites da internet faltavam pedaços... Mal sabia ela que não havia nada de errado nos sites. O problema estava na versão, cheia de acréscimos, que ela e milhares de espíritas cearenses conhecem.
A composição original, de Beto Almeida, surgiu no primeiro disco do Grupo Acorde, da Paraíba (Laços de Família, 1994). Quem ouvir a faixa vai perceber que não existe “para perdoar”, “para cultivar”, “de se melhorar”, nem qualquer outra das finalizações de versos popularizadas no movimento espírita daqui. Mas, e então? O que aconteceu pelo meio do caminho?
A busca pela origem dessa parte extra nos levou a onze anos atrás, e à figura de um grande trabalhador espírita. Elizeu Lima, ex-tenor do Grupo Ame, foi o responsável pelos famosos acréscimos, que dão um toque especial a Anjos! É ele mesmo quem conta a história, com exclusividade, para o Portal da Arte Espírita!
1) Qual a origem desses adendos à versão original de Anjos?
Os trechos novos surgiram em meados de 1997, quando eu participava de um grupo vocal denominado Caminho de Luz, formado por jovens para levar música espírita aos centros e pequenos eventos. Nós começamos a cantar Anjos depois de termos sido apresentados a ela pelo violonista do grupo, o Francisco Camelo. Porém, na música original, os refrões eram complementados com um vocal, sem letras, feito por uma cantora, de voz muito bonita, por sinal. Como no nosso grupo as vozes femininas eram poucas e todas contraltos, não alcançavam as notas agudas, surgiu a idéia de criar uma versão letrada para esses vocais, para que todos cantassem em uníssono.
2) Foi tudo de uma vez, ou levou algum tempo até chegar à forma como se canta hoje?
Rapaz, levou basicamente um dia. Não sei explicar de que forma a versão saiu. Eu apenas ouvi a música e fui deixando a inspiração acontecer, tentando sempre primar pela qualidade e pela mensagem espírita.
3) Sabia que hoje, no Ceará, pouca gente conhece a versão original da música?
Rapaz, isso me assusta!!! (risos). Não pretendia que minha versão tomasse tanto vulto assim ao ponto de ninguém conhecer a música original (mais risos). Mas, falando sério, é uma pena. Espero que as pessoas procurem ouvir a música original, pois ela também é muito bela e harmoniosa, e muito bem executada pelo Grupo Acorde. Aliás, eles possuem muitas músicas bonitas, apesar de não serem um grupo totalmente espírita, há integrantes católicos também, mas a música não tem "dono", ela é universal e, quando pessoas de boa vontade resolvem se reunir para executar melodias de qualidade e de luz, não existem "rótulos religiosos" que impeçam isso.
2 comentários:
Gosto muito de anjos, acho ela uma música muito católica (no sentido da universalidade que essa palavra tem na sua raiz). Só queria deixar minha crítica sobre a frase seguinte: "eles possuem muitas músicas bonitas, apesar de não serem um grupo totalmente espírita, há integrantes católicos também." Sei que não é bem isso que ele queria dizer (ou não), mas fica a reflexão ecumênica de que a beleza não pertence a ninguém.
É verdade, o que ele disse não deixa de refletir uma certa tendência muito presente no discurso espírita. Se bem que, logo a seguir há uma certa retratação...
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