Novo encontro, Espíritos compromissados se unindo para um novo porvir...
Nos versos vertidos pela mão da educadora Alzira Bessa Amui, encontramos o mote para falar do nosso 2º Encontro Regional da Evangelização de Espíritos.
Três cidades, três estados, três regiões do Brasil, unidos pelo fio condutor da proposta elaborada por Eurípedes Barsanulfo para a Educação do Ser Espiritual que somos.
Se no ano passado centenas de trabalhadores espíritas de dezenas de cidades do país se reuniram nos quatro locais de encontro para conhecer a metodologia desenvolvida pelo Querido Professor, desta vez a oportunidade é de aprofundar as reflexões sobre a Evangelização de Espíritos, em especial no que diz respeito a sua aplicação no âmbito da casa espírita.
Sim, porque, se a finalidade primária desta proposta é "conduzir o pensamento do Espírito dentro da Verdade, de tal forma que se sinta compromissado com sua evolução", sua aplicação acaba repercutindo direta e profundamente tanto na forma de evangelizar, quanto na própria forma de estruturar os trabalhos da casa espírita.
A esse respeito, é preciso considerar: Em que se baseia a organização da nossa casa? Essa organização se presta a atender verdadeiramente à criança, ao jovem, ao adulto e ao idoso que batem à porta da instituição? Todos têm tido a chance de crescer e se realizar com as oportunidades de estudo e serviço oferecidas pela casa? Será preciso aprimorar os trabalhos? Será possível extrair mais das atividades espíritas? Será que o que funcionou no passado ainda continua a funcionar como antes?
Esses são apenas alguns dos pontos que serão tratados no dia 5 de outubro, ao longo de todo o dia, em Santos (SP), Fortaleza (CE) e Rodeio (SC), no Encontro Regional da Evangelização de Espíritos. Neste dia, educadores e evangelizadores ligados ao Grupo Espírita Esperança e Caridade, casa fundada em 1905, por Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG), estarão espalhados pelo país compartilhando os frutos da generosa árvore plantada pelo mais extraordinário educador espírita que passou por este mundo...
Devidamente esclarecida a nova estrutura dos estudos de quarta-feira no Lar Espírita Chico Xavier que substitui o formato tradicional de palestras, vamos relatar hoje a experiência de um estudo específico desenvolvido à luz da Evangelização de Espíritos. Durante o mês de março, ao longo de três noites, diferentes expressões artísticas serviram como recurso para nos ajudar a refletir sobre a humildade, umas das construções íntimas fundamentais do Homem de Bem elencadas por Allan Kardec no Evangelho segundo o Espiritismo.
No primeiro encontro, os cerca de 30 participantes se dividiram em cinco grupos. O evangelizador de Espíritos responsável por cada um teve o papel de estimular o grupo à reflexão sobre o tema a partir de um trecho da canção Pedro. A letra foi segmentada em cinco partes, de forma que cada agrupamento se debruçou sobre uma parte distinta do belíssimo texto de Gladston Lage musicado por Tim, da dupla Tim e Vanessa. Dentro da proposta de garantir que os estudos sejam uma experiência evangelizadora não só para os participantes, mas, antes de tudo, para os próprios evangelizadores responsáveis, cada um deles assumiu um trecho da música em que sobressaía uma necessidade de aprendizado sua no campo do sentimento.
Após ricas reflexões, entremeadas por depoimentos emocionados e marcadas por grande adesão dos participantes à proposta de reconhecer em si dificuldades semelhantes às vivenciadas pelo líder dos apóstolos, foi hora de artefazer! Reunimo-nos mais uma vez no grande círculo para cantarmos juntos, cada grupo o seu trecho, a canção base dos estudos da noite, encerrando sob intensa vibração a primeira reunião centrada na questão da humildade.
Uma semana depois, procurou-se retomar os mesmos grupos. Desta vez, os evangelizadores incumbiram-se de estimular os participantes a identificar em suas próprias vidas situações recorrentes em que sentiam dificuldade de vivenciar a humildade. Apesar da grande diversidade nos graus de maturidade e facilidade reflexivas entre os participantes, foi incontestável o valor da experiência. Quão poucas vezes somos estimulados, em um ambiente de acolhimento e confiança, a mergulhar em nós mesmos para reconhecer mais claramente as questões que urge trabalhar nesta oportunidade reencarnatória!
Ao fim dos relatos, a arte. Desta vez, o teatro. Cada grupo escolheu um dos depoimentos para representar diante dos demais na forma de uma "foto", uma cena estática. O plano original era que os observadores pudessem refletir e propor como cada cena poderia ser modificada, de forma a dar encaminhamentos ao problema retratado. Uma técnica semelhante ao Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, enriquecida, porém, pela contribuição espírita. Como não havia mais tempo, porém, naquela noite as cenas foram apresentadas e modificadas de forma mais espontânea do que reflexiva, tendo funcionado como um exercício inicial a ser aprofundado no encontro seguinte.
E foi assim mesmo que teve início a última noite de estudos sobre a humildade. Um dos grupos refez a foto para que os demais pudessem observar detidamente a situação retratada. Pouco a pouco iam descortinando o que se passava e propondo mudanças. A orientação dos evangelizadores foi a de que os participantes mantivessem em mente o fato de que só é possível ter plena responsabilidade sobre a mudança a ser feita em nós mesmos. Os que nos cercam, nós podemos estimulá-los a mudar, porém nada garante que haverá uma transformação efetiva. Assim, as mudanças propostas na cena deveriam se centrar na figura da pessoa que havia relatado o caso, que havia compartilhado a dificuldade. Em sua disposição, em sua postura em cena, em sua forma de se relacionar com os demais envolvidos no quadro...
Ao fim das intervenções, os participantes da cena relataram o que sentiram durante o processo, destacando a contribuição da experiência teatral diferenciada para abrir novos horizontes de enfrentamento dos problemas. E para o encerramento dos estudos sobre o tema, todos foram convidados a uma nova vivência com arte. Os participantes foram divididos em dois grupos. Um foi para fora do salão e o outro permaneceu no local.
Para os que ficaram, a instrução foi a de que mentalizassem uma pessoa com quem tinham dificuldade de se relacionar. Em especial, um relacionamento que fosse entravado pelo orgulho. E que imaginassem como seria receber naquele momento especial, naquele ambiente espiritualmente preparado, essa pessoa, disposta a uma reconciliação. Para os que saíram, as orientações foram as mesmas, com a diferença de que eles foram estimulados a se permitir experimentar a iniciativa da reconciliação, repetindo um dos gestos mais marcantes do Cristo... O resultado foi um fechamento impactante, difícil para muitos, mas renovador para todos os que se permitiram vivenciar, por meio da arte, uma nova postura diante de um velho problema...
Naquela tarde em Jerusalém
O céu estava tão cinzento
Até o vento se escondera pra chorar
E eu também chorava amargamente
Lembrando em minha mente
Os Teus olhos
Aquela chama em Teu olhar
Os Teus olhos
De quem sabia amar
Meu coração de mulher
Muito tempo buscou o amor
Que em Ti enfim encontrei
Como viver sem você
Sem a Tua amizade, seu o Teu carinho
Naquela manhã em Jerusalém
A saudade foi maior e então
Fui em busca de Ti
Mas a pedra não estava no lugar
O sepulcro era vazio
Uma voz me chamou, então vi
Os Teus olhos
Aquela chama em Teu olhar
Os Teus olhos
De quem sabia amar
Então,
Você está aqui e tudo está em paz
Você está aqui, e tudo está em paz
Você está aqui
(...) Ele era um homem comum, que retornava do seu trabalho, quando foi abordado pelos soldados, que lhe impuseram uma tarefa áspera que, no entanto, se tornaria divina.
Do que se tratava, propriamente, aquele homem não sabia...
Que lhe aconteceria, caso não se submetesse, sequer imaginava...
Sabia, contudo, que uma força intensa e especial conduzia-o à obediência.
(...) Ninguém relata se ele se insurgiu ou não. Não há registro de uma qualquer palavra sua. Sabe-se, apenas, que foi o cireneu, que aliviou os ombros do Celeste Condenado, suportando a Sua cruz, durante algum tempo, embora constrangido.
Cirene, sem dúvida, gerou filhos importantes, em sua sociedade, mas, nenhum deles conseguiu o galardão que aquele anônimo trabalhador alcançou, ao co operar com Jesus Cristo, sem sequer conhecê-Lo, naqueles momentos de testemunho e de definição muito graves.
Pensando em Jesus e naquele que O auxiliou, nas estradas escarpadas do Gólgota, pense no ensejo que você pode ter de tornar-se um cireneu dos tempos modernos, aliviando os ombros cansados e feridos de tantos irmãos, que tentam superar as próprias dificuldades, nos mesmos caminhos em que você está.
Não se faça indiferente. Não deixe que o constrangimento o impeça de servir.
Vá e ajude. É Jesus Cristo que de você necessita, como no passado necessitou daquele homem comum.
Francisco de Paula Vitor, psicografado por J. Raul Teixeira, in Vida e Mensagem
Inicialmente, convém lembrar que nosso programa de estudos que começou em janeiro e deverá se estender até maio se baseia num olhar analítico, reflexivo e, em alguns momentos, vivencial sobre o item 3, capítulo 17, do Evangelho segundo o Espiritismo. O texto, escrito por Kardec, enumera as características do "verdadeiro homem de bem".
O que fizemos foi agrupar essas características em categorias (Benevolência, Indulgência, Autocrítica, Desapego etc), convidando cada trabalhador da casa a identificar qual destas construções íntimas do homem de bem era mais desafiadora para si, mais difícil de ser vivenciada. Feita a escolha, aqueles que selecionaram a mesma virtude foram agrupados em duplas ou trios e estimulados a conduzirem juntos os estudos sobe o tema, às quartas à noite, no Lar Espírita Chico Xavier.
Observe-se a preocupação de que os estudos fossem, antes de tudo, oportunidades-estímulos para que os trabalhadores da casa aprofundassem as reflexões sobre a dificuldade pessoal identificada, procurassem subsídios para aclarar as ideias sobre a questão na literatura espírita e dedicassem mais atenção ao enfrentamento do problema, de forma a poderem compartilhar a experiência com os demais participantes durante o estudo.
Ou seja: mesmo que não houvesse público nenhum durante a reunião, o processo em si de reflexão, estudo e vivência já teria sido suficientemente valioso para os expositores. Afinal, longe de nos pretendermos grande oradores ou profundos estudiosos do tema - ainda que todos sejamos espíritas atuantes há muitos anos -, todos os participantes deste projeto somos Espíritos que tiveram a coragem de reconhecer uma dificuldade íntima e aceitaram o desafio de tentar crescer com a ajuda de um novo estímulo!
Porém, se dentro dessa proposta o trabalho de evangelização já estaria sendo feito mesmo sem público, o que temos visto em nossos estudos é uma notável regularidade na quantidade de frequentadores desta reunião. Se no tempo das palestras havia uma enorme variação no número de participantes, que muitas vezes giravam em torno de 10, desde que a reunião passou a adotar o formato circular, em caráter participativo e com ênfase na partilha de experiências mediada pelo conhecimento espírita, dificilmente temos menos de 30 pessoas na casa.
E assim, juntos, com uma adesão inédita de trabalhadores e frequentadores, temos tido noites de grande vibração e profundas reflexões no Lar Espírita Chico Xavier. Nos próximos textos, nós vamos contar em detalhes como foram alguns estudos movidos a arte que foram desenvolvidos dentro desse projeto! Por ora, ficamos com uma singela canção do vasto repertório de Sacramento, quase todo composto por letras mediúnicas recebidas pela querida Alzira Bessa e melodias extremamente inspiradas escritas pelo não menos querido amigo Moacyr Camargo.
A canção que tocamos pela primeira vez na casa no dia em que decidimos adotar a metodologia em todas as atividades da casa, e que tem embalado boa parte das nossas reuniões desde então se chama Encontro. Com ela concluímos mais este relato sobre a bendita experiência de descoberta do Ser Espiritual que somos que o Professor Eurípedes tem nos ajudado a vivenciar!
"Ave, cheia de Graça, o Senhor é contigo!", disse o mensageiro de Deus a Maria antes de anunciar-lhe que era chegado o momento de assumir os compromissos espirituais assumidos muito tempo antes... Compromissos que exigiriam fé, humildade, coragem, resignação e muita força de vontade. Que demandariam esforço e desacomodação. Mas que poderiam ser plenamente cumpridos se Maria se conservasse aberta à Graça, que nada mais é do que a Mão que Deus estende gratuita e permanentemente a cada um de nós. Para nos lembrar de que cada desafio do caminho foi colocado providencialmente em nosso percurso, tanto porque temos capacidade de experimentá-lo, quanto porque temos necessidade de superá-lo.
Que o exemplo daquela que aceitou enfrentar as próprias limitações humanas para atender plenamente ao voto de confiança do Alto nos inspire a refletir: qual tem sido a minha reação ao chamado de Deus? Possa a inspirada composição Ave, interpretada por Tim e Vanessa, nos ajudar a encontrar nossa própria resposta...
Os anos são degraus; a vida a escada. Longa ou curta, só Deus pode medi-la. E a Porta, a grande Porta desejada, só Deus pode fechá-la, pode abri-la.
São vários os degraus; alguns sombrios, outros ao sol, na plena luz dos astros, com asas de anjos, harpas celestiais. Alguns, quilhas e mastros nas mãos dos vendavais.
Mas tudo são degraus; tudo é fugir à humana condição. Degrau após degrau, tudo é lenta ascensão.
Senhor, como é possível a descrença, imaginar, sequer, que ao fim da Estrada, se encontre, após esta ansiedade imensa, uma porta fechada – e nada mais? (Fernanda de Castro in Asa no Espaço, pp. 73 e 74, Lisboa, 1955)
E quando surge a culpa, durante o processo de reconhecimento das grossas camadas de ilusão que se sedimentaram em nossa intimidade ao longo dos milênios? O que fazer com a incômoda sensação de que somos indignos, imprestáveis, desprezíveis até? Sim, porque é muito natural sentir-nos culpados, quando começamos a permitir que a Luz da Verdade evidencie as sombras que há tanto tempo cultivamos em nossa alma.
Depois de um longo tempo de ignorância espiritual, caminhando à base do automatismo, da fuga da dor, da busca pelo prazer, da necessidade de ser reconhecido e admirado pelos outros, não é fácil começar a caminhar de olhos abertos. A cegueira temporária de Saulo após o encontro com o Cristo ilustra fielmente a dificuldade de adaptação do nosso olhar às Claridades Celestes, tão fortemente habituados que estamos à escuridão e à penumbra do nosso mundo.
Ora, a culpa, ao lado do medo, são estados de espírito que nos paralisam. Eles nos impedem de caminhar e, em especial no caso da culpa, de aproveitar tudo de Belo que a Verdade põe ao alcance da nossa vista. Porque o propósito de ganharmos gradualmente consciência de nossa condição espiritual, com tudo de bom e de ruim que ela possui hoje, é acelerar nosso crescimento, jamais retardá-lo.
Poderíamos falar de processos íntimos, modificação de ideias, renovação do pensamento... Mas o que nos parece estar na base disso tudo, sendo o passo primeiro e mais importante para evitar a culpa em meio ao reconhecimento das próprias dificuldades íntimas, é a companhia do outro. Não de qualquer um, mas daqueles Espíritos que, como nós, decidiram trilhar o Caminho.
Enfrentar a dura jornada do autoconhecimento ao lado de irmãos igualmente comprometidos com esse propósito torna o processo mais rico e a caminhada menos árdua. Evita tanto a ilusão da superioridade quanto a da inferioridade. E nos permite crescer apoiados uns nos outros, como nosso querido Mestre recomendou aos primeiros cristãos. Reconhecendo em nós e no outro a dor, reconhecendo em nós e no outro a capacidade de superação...
O ambiente propício para a vivência deste processo é o que temos procurado desenvolver em nossa casa espírita sob a orientação do professor Eurípedes!
Quais os efeitos das mudanças implementadas no Lar Espírita Chico Xavier, sob inspiração da Evangelização de Espíritos? Com essa pergunta encerramos o texto anterior e com ela começamos este. As consequências têm sido muitas e profundas, na medida em que se trata de um processo gradual que se desenvolve desde meados de 2011.
Após um ano e meio de estudos e reflexões em torno da proposta de Eurípedes para a educação do Ser Espiritual, de pequenas experiências realizadas em todos os setores da casa com base na metodologia, o que mais mudou foi a percepção de cada trabalhador do Lar envolvido com a Evangelização sobre si mesmo.
Depois de reiterados estímulos para nos habituarmos a uma percepção mais clara sobre nós mesmos, não se poderia esperar menos do que um razoável amadurecimento da capacidade de refletir sobre si, por parte dos participantes dos encontros.
Ora, quem reflete mais e melhor sobre si não demora a compreender mais claramente suas necessidades e seus compromissos espirituais. E, mais dia, menos dia, parte da compreensão para a ação comprometida com seus propósitos reencarnatórios.
Assim é que temos visto, com indescritível alegria, tímidos trabalhadores da casa fazendo e compartilhando reflexões maduras sobre suas próprias dificuldades, em nossos círculos de estudos evangélicos, revelando firme compromisso de trabalhar esses entraves sob a condução amorosa de Eurípedes. Mais do que isso, esses trabalhadores vêm se revelando dedicados evangelizadores de Espíritos à frente dos nossos estudos de quarta-feira, que têm substituído a antiga atividade no formato de palestra.
Dessa forma, nas duas últimas quartas-feiras, a dupla responsável pelo estudo sobre Tolerância, além de partilhar com franqueza e maturidade suas dificuldades e conquistas na busca por vivenciar a tolerância, se serviu de dois importantes recursos propostos pela Evangelização de Espíritos para estimular os participantes a refletir acerca do tema. No primeiro dia, fomos todos convidados a sair do salão para nos sentarmos em círculo ao ar livre, ao lado de uma aceroleira e de uma espirradeira que cresceram juntas - melhor ainda, entrelaçadas - em nosso jardim.
Toda a reflexão da noite, feita de forma gradual e participativa, foi suscitada pela observação detida dessas árvores, tão diferentes entre si, que, apesar das diferenças, se desenvolveram tolerando-se e apoiando-se mutuamente. Já no segundo dia, que transcorreu da mesma forma, o estímulo foi a música. Em particular, uma extraordinária canção de Rodrigo Marçal e Tarcízio Francisco, intitulada Eu e o Outro, que você confere abaixo:
Será que essa canção, em especial sua belíssima letra, tem algo a nos dizer sobre Tolerância? Durante o estudo da última quarta-feira, sob a condução de nossas evangelizadoras, Eu e o Outro serviu de fio condutor para pensarmos a tolerância a partir da nossa dificuldade de enxergar com clareza o outro e o mundo à nossa volta, fechados que estamos há milênios no egoísmo doente. Cada um, é claro, refletindo sobre a (in)tolerância que há em si, e compartilhando com os demais o que se sentia à vontade para exteriorizar. Para saber mais sobre como está estruturado este trabalho que desenvolvemos às quartas no Lar Espírita Chico Xavier, clique aqui.
Se toda mudança exige esforço, a verdadeira renovação em Cristo jamais deixará de nos cobrar o preço do suor e das lágrimas. Suor do trabalho, do serviço, do empenho e da superação. Lágrimas da solidão, da incompreensão e da dor. Mas, amoroso que é o nosso Pai, nunca faltarão pontos de apoio e nem sinalizações providencialmente dispostas nos caminhos daquele que se entrega à edificação íntima da Verdade.
Para Saulo, o ex-perseguidor recém-convertido ao Evangelho, tudo era confusão, depois que deparara a Luz do Cristo. Ao lado da firme disposição de mudar, havia ainda toda uma carga doente de hábitos mentais, condicionamentos emocionais e apegos sentimentais a serem superados. O futuro apóstolo queria ser novo, mas não sabia ao certo o que fazer com o homem velho.
Para dar à vontade de mudar de Saulo impulso e direcionamento, Deus põe em seu caminho a dupla Áquila e Prisca. O exemplar casal cristão que vivia em meio ao deserto acolheu de braços abertos o antigo algoz e, com afeto e simplicidade, deu ao jovem de Tarso novo alento para caminhar e novos horizontes para almejar...
Orgulho, vaidade, prepotência, arrogância, vontade de dominar, desejo de impor, necessidade de ser reconhecido... Construções doentes de nossa alma que nos causam dor, sofrimento, medo, insegurança... Que chegam até a nos deixar a impressão de sermos indignos do Amor Incondicional que Jesus devota a cada um de nós. Mas, como os evangelhos deixam bem claro, foi para nós, ovelhas perdidas, doentes espirituais, que Ele declarou ter vindo a este mundo. Para nos amparar, orientar e conduzir novamente a Deus. Mais do que isso, dando provas da confiança profunda que reservava mesmo à criatura mais perdida nas ilusões do mundo, Ele não apenas envolveu, como convocou expressamente para servir ao Seu lado um Saulo de Tarso. Um homem detentor de todas as dificuldades enumeradas no início deste texto, perseguidor de cristãos, completamente desnorteado em seus propósitos existenciais. Mas também um homem que, sob o Amor do Cristo, conseguiu converter o erro em Verdade, a cegueira em Visão e o ódio em Amor. Como cada um de nós também é amorosamente convidado a fazer...
Que o retorno à vida corpórea é uma dádiva que Deus nos concede, por amor, para a nossa realização espiritual, o Evangelho Redivivo nos esclarece e faz lembrar regularmente. Mas já paramos para meditar sobre o quanto a encarnação exige de nós? De coragem, de comprometimento, de confiança...? O despretensioso vídeo abaixo, que gira em torno dessa reflexão, foi feito para nos introduzir ao estudo da música Geração Nova, de Moacyr Camargo, dentro do estudo da Evangelização de Espíritos que desenvolvemos aos sábados no Lar Espírita Chico Xavier. A letra da canção você encontra aqui.
É com muita alegria que anunciamos a intenção de utilizar este espaço para um novo projeto: compartilhar os primeiros passos dados pelos trabalhadores do Lar Espírita Chico Xavier, de Fortaleza, dentro do propósito, assumido no final de 2012, de alinhar metodologicamente todas as atividades da casa à Evangelização de Espíritos.
Como já tratamos muitas outras vezes aqui, a Evangelização de Espíritos é a proposta de Eurípedes Barsanulfo para a educação do Ser Espiritual. Por um lado, trata-se de um resgate do trabalho desenvolvido pelo mais significativo educador espírita da história, durante sua última existência terrena. Por outro, é um desdobramento desse trabalho orientado pela Equipe Espiritual Eurípedes Barsanulfo, comprometida em contribuir para o atendimento das necessidades do Espírito neste momento de transição por que passa a Terra.
Perfeitamente assentada nos princípios contidos nas obras de Allan Kardec, Chico Xavier e demais autores espíritas consagrados, a Evangelização de Espíritos se diferencia antes de tudo pelo foco: mais do que ensinar teoria doutrinária, a proposta de Eurípedes é a de orientar o Ser Espiritual a vivenciar o Evangelho e a Doutrina Espírita em sua intimidade.
Afinal, de que adianta acreditar em reencarnação, acreditar em mediunidade, acreditar que Jesus é um modelo moral ou que fora da caridade não há salvação, se essas crenças não forem capazes de produzir mudanças concretas em nossa trajetória espiritual? Se essas novas ideias - aliás, nem tão novas assim - não tiverem impactos significativos em nossa postura diante da vida, diante do outro?
Atento ao fato de que a adesão racional às ideias espíritas não é suficiente para nos tornar Espíritos conscientes, renovados, evangelizados, Eurípedes nos propõe recursos simples, mas extremamente eficientes, para nos auxiliar nos processos de autoconhecimento, de compreensão de nosso planejamento reencarnatório e de reconhecimento dos próprios compromissos assumidos para esta existência terrena.
Assim é que todo aquele que chega a uma casa espírita que adota a Evangelização de Espíritos é convidado não apenas a reconhecer-se como um Espírito, mas também a conhecer melhor o Ser Espiritual que é, o que implica aprender a identificar os pensamentos que o caracterizam, os sentimentos que se ligam a esses pensamentos e as necessidades espirituais de que é portador.
Nesse sentido, uma das primeiras mudanças implementadas no Lar Espírita Chico Xavier foi a transformação da tradicional palestra pública de quarta-feira, às 19h30. Em lugar de preleção, com palco, púlpito e plateia enfileirada, estudo com cadeiras em círculo. Em lugar de palestrantes externos, trabalhadores da casa assumem a responsabilidade pelo estudo. Em lugar de temas escolhidos com base em roteiros genéricos pré-estabelecidos, tópicos nascidos da própria identificação de necessidades dos trabalhadores da casa. Em lugar de um único expositor por noite, escolhido em função de seu "domínio" sobre o tema, duplas ou trios de trabalhadores voluntariados em função de sua disposição de se aprimorar intimamente no assunto a ser abordado. Por fim, em lugar de exposição verbal do tema, abordagem participativa, entremeada pelos recursos da Arte e da Natureza.