domingo, 12 de julho de 2009

Idéias

De Michael Jackson à Arte Espírita

Por que Michael Jackson fez tanto sucesso? Uma excelente estratégia de marketing, dirão alguns. Uma fantástica visão de mercado, defenderão outros. Espírito altamente empreendedor, criativo e talentoso, argumentarão ainda.

Obviamente, tudo isso está nas raízes do fenômeno que foi o mais jovem dos Jackson Five. Sem levar em conta esses fatores, a compreensão sobre um case midiático e empresarial tão genuíno se torna capenga. Mas eu acrescentaria um outro: a verdade que Michael imprimia em cada trabalho.

Mídia, mercado, marketing, talento e criatividade também estavam a favor de Beatles, Elvis e Madonna, por exemplo. Mas nenhum deles conseguiu bater tantos recordes, certificados inclusive pelo Guinness Book, quanto o autor de Billie Jean:

1) Artista de maior sucesso e também 2) o mais bem pago de todos os tempos, no ramo do entretenimento; de quebra, 3) o primeiro nesse setor a ganhar mais de 100 milhões de dólares em um ano; 4) vocalista mais jovem a alcançar o topo da parada de singles americana, aos 11 anos, e também 5) o que passou o maior número de semanas no topo; 6) o primeiro a ingressar nesse ranking já em primeiro lugar e ainda 7) primeiro artista a vender mais de 100 milhões de álbuns fora dos EUA. Por fim, 8) clipe musical de maior sucesso na história, com Thriller.

Para chegar a isso, Michael traçou um caminho semelhante ao das outras grandes estrelas do show bizz. Mas foi além. Expôs, com rara autenticidade, um mundo obscuro, de monstros e zumbis, de inconstâncias e mutações, de fragilidade e insegurança. Um mundo que, de tão exótico, chegava a parecer apenas uma fantasia bem bolada. Mas que conseguia magnetizar milhões de pessoas em todo o mundo justamente por ser mais: era o próprio mundo interior dele que transparecia ao público! Conflitos, recalques, sombras e medos. Tudo ali, claro e cristalino, expresso com tanta verdade que se tornava arrebatador.

O Rei do Pop soube traduzir as fragilidades da própria alma numa obra grandiosa e multifacetada. Da declaração de amor ao ratinho e melhor amigo de infância Ben à seqüência vertiginosa de tranformações de Black or White, passando pela forma quebrada e descontínua de dançar, tudo refletia as revoluções internas da alma do artista.

E foi justamente por isso que trouxemos para cá essa reflexão. Porque este é um espaço voltado para as discussões sobre Arte e Espiritualidade. Defendemos o papel da Arte como caminho por excelência para o desabrochar da Espiritualidade. E acreditamos que ela seja a forma mais contagiante e expressiva de comunicação já inventada pelo homem!

Portanto, se queremos ver algum dia uma revolução nas Artes, uma mudança radical no panorama dominante de obras rasteiras e superficiais, é preciso ter em mente exemplos assim. De quem fez das limitações o caminho para a superação. De quem conseguiu imprimir na obra, com maestria, aquilo que é a mais autêntica substância artística: a própria alma!

Mesmo quando somos artistas engajados, social, política ou religiosamente, não é possível ignorar que a nossa alma é o grande filtro dos princípios que nos propomos a disseminar. Por mais "isento", "neutro" que se pretenda ser, sempre há uma boa dose de subjetividade no produto final. E a obra, espírita, marxista, condoreira ou niilista, será tão mais artística quanto melhor reconhecermos nossa contribuição, única e intransferível, para a expressão das idéias que abraçamos. Isso não é orgulho, soberba ou vaidade: é o reconhecimento de nosso papel como co-criadores, ativos e responsáveis, desse mundo fantástico que Deus criou!

Viva Michael! Viva a Arte que transforma vidas e às vidas que transformam o mundo!

2 comentários:

Dea Carvalho disse...

Até que enfim!
Já vi tantos dizerem absurdos sobre esse menino-homem! Desde santificá-lo como um deus até rechaçá-lo em podridões inferiores. Aqui sim um artigo centrado e verdadeiro. Honesto.
E bato palmas ao espiritismo não-piegas! Arte é isso! Consciência é isso, e não recalque!
Parabéns pelo blog, embora eu não costume comentar, estou sempre por aqui.

Anônimo disse...

Excelentes colocações.
Entretanto, gostaria de pontuar que já vimos, sim, revoluções nas Artes, desde a Antiguidade. Afinal, Arte só existe com alma. Sem alma, não é arte. Michael Jackson, como muitos outros artistas fenomenais, revelou para o mundo os altos e baixos da alma humana, sim, dando forma aos arquétipos milenares que existem em todos nós. Mas obviamente, seu sucesso teve por trás um conjunto de fatores coadjuvantes ao seu talento, talvez um deles um compromisso assumido antes de nascer (sabe Deus qual!).
Foi um exemplo de artista até certo ponto, no quesito criatividade. Mas parece que o artista foi prejudicado pela neurose do homem...
Bem, é só.
E parabéns pelo Blog!
Caroline Treigher