Amor que queima, arde e inflama... Que inspira, encanta e emociona... Amor que dura, abranda e se aprofunda... Amor... Será que há espaço para falar desse, que é o mais universal dos sentimentos, na Arte Espírita? Não falo, é claro, do "amor pela humanidade" ou do "amor fraterno" dos ensinamentos religiosos. A questão aqui é: como o Amor que une duas pessoas por anos, décadas ou existências ganha espaço na literatura influenciada pelo espiritismo? É o que procuramos responder daqui para a frente. Um dos poemas mais conhecidos entre os espíritas chama-se Alma Gêmea. Atribuído ao Espírito de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, ele veio a público no romance histórico Há 2000 Anos. O texto, mais do que polêmico, é este aqui:
Alma gêmea da minh'alma,
Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão!...
Quando eu errava no mundo
Triste e só, no meu caminho,
Chegaste, devagarinho,
E encheste-me o coração.
Vinhas na bênção dos deuses,
Na divina claridade,
Tecer-me a felicidade,
Em sorrisos de esplendor!...
És meu tesouro infinito,
Juro-te eterna aliança,
Porque eu sou tua esperança,
Como és todo o meu amor!
Não se pode aprender da noite para o dia
Muito há para vencer: dureza e rebeldia
E no plano inferior a luz a gente adia
Tranformando em grande dor, alma irmã, toda alegria
Por você roguei aos céus, por este lhe fui dado
Meu destino uniu-se ao seu nos passos do passado
Sob as bênçãos do Senhor, com amor acrescentado
Você faz um ser melhor, alma irmã, de um ser malvado
Você me representa a aurora da esperança
Qual anjo, qual criança de todo o mal isenta
Jesus assim me alcança, me ergue e me alimenta
Minha grande pequenês me trai a cada gesto
Mas aumenta, vez e vez, o bem que hoje atesto
Frontes brancas a impor, o tempo anda presto
Seja a paz nosso pendor, alma irmã, no mundo infesto
Nossas almas são afins, pois gêmeas Deus não gera
São idênticas nos fins: vencer na nossa esfera
Dos menores ao maior dos graus da vida vera
Chegaremos ao Amor, o primor da nossa espera
Você, com suavidade, é a luta que eu me imponho
O tom em que componho nossa posteridade
Um avanço no meu sonho de amar a humanidade
Mas para além dos debates doutrinários, há espaço também para expressões de Amor mais livres dentro da Arte Espírita. Formas marcadamente influenciadas pelo espiritismo, sem ter, por isso, que apelar à razão, à argumentação ou à defesa de idéias. Destaco aqui, duas composições gravadas e interpretadas pelo Alma Sonora, do Paraná: O Tempo e a Distância, de 1996, e Ikebana, de 2007. E, de quebra, um poema-bônus, escrito em 2008 por Romário Fernandes, do Ceará, intitulado Constante. Você confere os três textos logo abaixo:
http://espiritodearte.blogspot.com/2008/07/contedo-extra_08.html