Na Revista de Cultura Preá do Rio Grande do Norte, edição de setembro de 2005, em entrevista exclusiva com nosso estimado dramaturgo Ariano Suassuna, encontramos a seguinte passagem:
Preá – O texto da "Compadecida" permanece o mesmo de 50 anos atrás? O senhor mexeu em alguma coisa?
Ariano – Mexi muito pouco. Para esta edição comemorativa que fizeram agora, mexi um pouquinho. Vou dizer uma coisa em que eu mexi. Quando eu era novo, era muito radical. Então, algumas frases que eu coloquei lá, depois me causaram acanhamento, achei que eram uma grosseria. Tem uma cena lá, em que João-Grilo está tremendo e pede a Nossa Senhora ou a Cristo, para deixar de tremer. Aí, João-Grilo diz – "Que tremedeira esquisita, o que é isso?" Ele responde: "Isso é besteira do demônio, esse camarada é meio espírita, tem mania de fazer mágica". Achei uma grosseria com os espíritas. Então, eu cortei.
Sempre quis refletir em cima dessa arte que vem das vísceras e da religiosidade do Nordeste para saber como poderíamos fazer uma dessa com o jato espírita influenciando.
Para refletir e inovar em cima disso não precisávamos das pazes com Ariano Sussuna, já que ele mesmo diz que não é dono da cultura nordestina, nem é protagonista da resistência dela. Bastava usar da ironia, da graça, do cômico em cima da desgraça. Dos brincantes, dos jogos de roda, das cantigas cercados pela caatinga.
Mas, bem que foi bom, na sua maturidade, ter ele perdido a radicalidade contra o nosso povo espírita, que sempre me dava um desgosto de assistir o Auto da Compadecida só por conta daquela ceninha chata em que Jesus, o próprio, acusa Satanás de ter mania da gente, e viver fazendo magia.
Ainda por aqui a gente vai tecer comentários que possam analisar a nossa cultura local, e fazer conexões com nossa cultura transcendental. É incrível como tem paralelo entre as duas, e nenhuma vai sair aleijada do choque que a gente vai tentar promover, pelo contrário!
Um comentário:
Excelente proposta! E pode apostar que teremos boas novidades nesse campo...
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