Arte Espírita
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
Por arte espírita entende-se o conjunto de expressões de cunho artístico produzidas sob influência do espiritismo. Atualmente, o Brasil é o país que abriga a maior quantidade de artistas e de produções de arte espíritas. A Associação Brasileira de Artistas Espíritas conta hoje com 87 associados e mantém uma lista de discussão formada por quase trezentos artistas espíritas de todo o país.
Origens
As primeiras expressões artísticas identificadas com a doutrina espírita surgem em 1858, pouco após o lançamento de O Livro dos Espíritos. Observa-se nesse primeiro período uma forte identificação entre arte e mediunidade. Já na Revista Espírita de agosto daquele ano, consta a reprodução de um desenho intitulado A casa do Profeta Elias, em Júpiter[1]. A peça é do teatrólogo espírita Victorien Sardou, que a atribuiu ao espírito do ceramista francês Bernard Palissy. Três meses depois, o periódico publica relatos sobre um médium pintor norte-americano, identificado como E. Rogers. Já a edição de dezembro de 1858 traz o primeiro de uma série de textos que preencheriam ao longo dos anos a seção Poesia Espírita da revista. Trata-se do poema O despertar de um Espírito, atribuído ao espírito Jodelle, numa possível referência ao poeta francês Étienne Jodelle.
No ano seguinte, a arte mediúnica chega ao campo da música. A edição de maio de 1859 da Revista traz uma matéria sobre o fragmento de uma sonata atribuída ao espírito de Mozart, pelo médium Bryon-Dorgeval[2]. Em 1860, Kardec utiliza pela primeira vez a expressão arte espírita, propondo-a como o terceiro elemento de uma tríade formada também pela arte pagã e pela arte cristã[3]. Já nesse enunciado inicial, o sistematizador da doutrina parece mais propenso a uma arte inspirada pelo espiritismo do que a obras atribuídas a espíritos. Mesmo assim, nos anos seguintes só haveria registros esparsos de uma produção artística não-mediúnica entre os espíritas.
A arte dos espíritas
Em 1862, há o primeiro registro de uma obra de arte espírita não atribuída a espíritos. O poema O Vento, apresentado na Revista Espírita de fevereiro daquele ano como uma fábula espírita, é do francês que se identifica como C. Dombre, de Marmande. O texto usa como epígrafe uma frase de Kardec[4] e consiste numa metáfora sobre a difusão do espiritismo. Em setembro, sai o poema Peregrinações da alma de B. Jolly, herborista de Lyon, e, em outubro, nova fábula poética de C. Dombre, intitulada A Abóbora e a Sensitiva.
Em fevereiro de 1864, circula em Paris o romance A Lenda do Homem Eterno, do escritor francês Armand Durantin. O autor, que não era espírita, desenvolveu uma trama na qual um homem conhece o espiritismo após o falecimento da esposa, e acaba por se descobrir médium[5]. Kardec critica a obra por incorreções nas referências espíritas. Apesar disso, destaca o valor da iniciativa, aparentemente pioneira.[6].
Dois meses depois, o francês Jean de la Veuze publica A Guerra ao Diabo e ao Inferno, a imperícia do diabo, o diabo convertido, uma sátira à tese de que o espiritismo seria um instrumento diabólico para encaminhar pessoas ao inferno[7]. Quase simultaneamente, o espírita V. Toumier lança Cartas aos Ignorantes, filosofia do bom senso, uma síntese poética dos princípios contidos em O Livro dos Espíritos[8].
Ainda naquele ano, em outubro, o quadro Cena do interior de camponeses espíritas participa de exposição na cidade francesa de Anvers. Não há registro sobre a autoria da peça, que retrata uma sessão mediúnica numa casa no campo[9].
Notas e Referências
- ↑ Uma réplica do desenho original, no formato 47 x 60cm, pode ser vista aqui
- ↑ O trecho foi encontrado em 2004, numa biblioteca londrina, e remetido à Federação Espírita Brasileira. O engenheiro Alexandre Zaghetto reconstituiu a partitura no computador. Ela pode ser acessada aqui
- ↑ No artigo A arte pagã, a arte cristã, a arte espírita, publicado em dezembro daquele ano, Kardec defende a arte espírita como a sucessora da arte cristã: "(...) o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso, e ainda inexplorado, e quando o artista trabalhar com convicção, como trabalharam os artistas cristãos, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações"
- ↑ "Quanto mais a crítica tem ressonância, mais pode fazer de bem, chamando a atenção dos indiferentes"
- ↑ Revista Espírita, fevereiro de 1864, Notícias bibliográficas, A Lenda do Homem Eterno
- ↑ Idem, ibidem
- ↑ Revista Espírita, maio de 1864, Notícias bibliográficas
- ↑ Idem, ibidem
- ↑ Revista Espírita, outubro de 1864, Variedades, Um quadro espírita na exposição de Anvers
3 comentários:
Percebi a inquietação de vocês quando eu dei minha opinião de que a arte espírita não necessariamente seria a arte mediúnica. Pois há médiuns não-espíritas. Como você coloca, Kardec pensava algo assim no começo. Mas, quem sabe com o melhor estudo de estética, possamos formular conceitos mais sãos.
Aprendi que antes de fazermos arte, ela já existia dentro de nós, então tudo é somente uma necessidade de expressão com um ideal , e se esse ideal não existir um bem comum ,nada funciona, e ainda mais se for na divugação da Doutrina Espírita. É preciso que haja despreendimento ou tentativa de aprimoramento das nossas inferioridade e não somente fazer a coisa como um trabalho comum.
Então ... O que estamos esperando ? Mãos ao trabalho .
Postar um comentário