A Moça Espírita de Clarice Lispector
"A moça, com os sapatos apertados, estremeceu com medo de si própria. Tinha medo de se purificar tanto que não precisasse de mais nada. Como imaginar um ser que não precisasse de nada? era monstruoso. 'Não quero progredir', disse teimosa (...) Oh Deus, por que me escolheste para ser espírita e para compreender e saber?"
Eis o mote de uma curiosa reflexão espírita feita pela personagem Ermelinda, no livro A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector. O romance, que recebeu em 1962 o Prêmio Carmem Dolores Barbosa de melhor trabalho literário do ano, trata do drama pessoal de Martim. Ele vive uma relação conturbada com três mulheres: Vitória, dona da fazenda onde trabalha em troca de hospedagem; a mulata empregada da fazenda, cujo nome não é revelado na trama; e Ermelinda, prima de Vitória, viúva animada com a chegada de um homem ao ambiente antes tomado pela feminilidade...
Quando consegue marcar um encontro com Martim, Ermelinda chega mais cedo ao local combinado e aguarda sozinha por cerca de uma hora. É nesse meio tempo que reflete sobre si, seus medos e incertezas, a incapacidade de ser como gostaria e a falta de tempo para conquistar todos os sonhos... É aí que vem o medo da finitude e de uma certa insustentável leveza do Espírito. Com vocês, a reflexão espírita de Clarice Lispector:
http://espiritodearte.blogspot.com/2008/12/contedo-extra.html
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