domingo, 22 de fevereiro de 2009

Novas

Revista Espírita Internacional discute Arte Espírita

A primeira edição da octogenária Revista Internacional de Espiritismo em 2009 abriu um espaço pioneiro para as discussões sobre Arte Espírita. Nos últimos anos, a publicação já havia noticiado eventos artísticos espíritas e até abrigado reflexões sobre educação espírita que tangenciavam o assunto Arte, como se pode ver aqui. Mas com o artigo O que é Arte Espírita?, que dialoga com as idéias do filósofo russo Léon Tolstói, o debate se lança sobre a própria concepção do que é Arte. Uma reflexão mais profunda e que poucos espíritas fizeram até hoje de forma sistemática ou fundamentada.

Eis aqui a provocação central do artigo: (...) a técnica artística utilizada pelos espíritas tem dado origem a obras de arte? Para fazer música, basta saber jogar com melodia, harmonia e ritmo (a letra é um elemento opcional, mas muito valorizado na música religiosa). Para fazer poesia, métrica, rima e ritmo dão conta do recado. O teatro exige ator, platéia e uma idéia, enquanto a dança demanda corpo e ritmo. Qualquer um pode executar com maestria esses ofícios, desde que resolva se dedicar com afinco ao estudo e à prática deles. É uma simples questão de exercício, prático e intelectual.

Mas há uma enorme distância entre ser músico, poeta, ator ou dançarino e ser artista. Pessoas que dominam essas atividades essencialmente técnicas podem produzir e executar inúmeros trabalhos movidos pelo desejo de vender idéias, ganhar dinheiro ou chocar pessoas, sem que haja um único sentimento sincero por trás dessa iniciativa. Conseguem produzir beleza, mas nem sempre arte. Do mesmo modo, homens e mulheres sem a menor noção teórica podem produzir autênticas obras de arte. Basta darem vazão ao que sentem através de sons, gestos, formas e traços compreensíveis para sensibilizar e até emocionar outras pessoas. Sua arte sincera toca, independente da preocupação estética.

De modo geral, os trabalhos que se propõem a ser arte espírita não pecam por falta de conteúdo. O equívoco parece estar na natureza desse conteúdo. Em lugar de um sentimento sincero, humano e, por isso mesmo, universal que o autor deseje compartilhar, há idéias e crenças particulares que ele quer divulgar...

O artigo, que reflete em linhas gerais a opinião do Grupo Espírito de Arte sobre o tema, pode ser encontrado na edição nº 1 de 2009 da RIE. Ela pode ser comprada em bancas ou através do site oficial da Casa Editora O Clarim. Bom proveito!

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