De Michael Jackson à Arte Espírita
Por que Michael Jackson fez tanto sucesso? Uma excelente estratégia de marketing, dirão alguns. Uma fantástica visão de mercado, defenderão outros. Espírito altamente empreendedor, criativo e talentoso, argumentarão ainda.
Obviamente, tudo isso está nas raízes do fenômeno que foi o mais jovem dos Jackson Five. Sem levar em conta esses fatores, a compreensão sobre um case midiático e empresarial tão genuíno se torna capenga. Mas eu acrescentaria um outro: a verdade que Michael imprimia em cada trabalho.
Mídia, mercado, marketing, talento e criatividade também estavam a favor de Beatles, Elvis e Madonna, por exemplo. Mas nenhum deles conseguiu bater tantos recordes,
certificados inclusive pelo Guinness Book, quanto o autor de
Billie Jean:
1) Artista de maior sucesso e também 2) o mais bem pago de todos os tempos, no ramo do entretenimento; de quebra, 3) o primeiro nesse setor a ganhar mais de 100 milhões de dólares em um ano; 4) vocalista mais jovem a alcançar o topo da parada de singles americana, aos 11 anos, e também 5) o que passou o maior número de semanas no topo; 6) o primeiro a ingressar nesse ranking já em primeiro lugar e ainda 7) primeiro artista a vender mais de 100 milhões de álbuns fora dos EUA. Por fim, 8) clipe musical de maior sucesso na história, com Thriller. Para chegar a isso, Michael traçou um caminho semelhante ao das outras grandes estrelas do show bizz. Mas foi além.
Expôs, com rara autenticidade, um mundo obscuro, de monstros e zumbis, de inconstâncias e mutações, de fragilidade e insegurança. Um mundo que, de tão exótico, chegava a parecer apenas uma fantasia bem bolada. Mas que conseguia magnetizar milhões de pessoas em todo o mundo justamente por ser mais: era o próprio mundo interior dele que transparecia ao público! Conflitos, recalques, sombras e medos. Tudo ali, claro e cristalino, expresso com tanta verdade que se tornava arrebatador.
O
Rei do Pop soube traduzir as fragilidades da própria alma numa obra grandiosa e multifacetada. Da declaração de amor ao ratinho e melhor amigo de infância
Ben à seqüência vertiginosa de tranformações de
Black or White, passando pela forma quebrada e descontínua de dançar,
tudo refletia as revoluções internas da alma do artista.
E foi justamente por isso que trouxemos para cá essa reflexão. Porque este é um espaço voltado para as discussões sobre Arte e Espiritualidade. Defendemos o papel da Arte como caminho por excelência para o desabrochar da Espiritualidade. E acreditamos que ela seja a forma mais contagiante e expressiva de comunicação já inventada pelo homem!
Portanto, se queremos ver algum dia uma revolução nas Artes, uma mudança radical no panorama dominante de obras rasteiras e superficiais, é preciso ter em mente exemplos assim. De quem fez das limitações o caminho para a superação. De quem conseguiu imprimir na obra, com maestria, aquilo que é a mais autêntica substância artística: a própria alma!Mesmo quando somos artistas engajados, social, política ou religiosamente, não é possível ignorar que a nossa alma é o grande filtro dos princípios que nos propomos a disseminar. Por mais "isento", "neutro" que se pretenda ser, sempre há uma boa dose de subjetividade no produto final.
E a obra, espírita, marxista, condoreira ou niilista, será tão mais artística quanto melhor reconhecermos nossa contribuição, única e intransferível, para a expressão das idéias que abraçamos. Isso não é orgulho, soberba ou vaidade: é o reconhecimento de nosso papel como co-criadores, ativos e responsáveis, desse mundo fantástico que Deus criou!
Viva Michael! Viva a Arte que transforma vidas e às vidas que transformam o mundo!